Redação (17/01/07) – O clima até agora favorável para as culturas de verão leva a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) a estimar que o Rio Grande do Sul possa colher cerca de 5,55 milhões de toneladas de milho, volume que significaria a auto-suficiência. Desde 2003 que os gaúchos não colhiam o suficiente para abastecer as indústrias de aves e suínos.
A área plantada é de 1,396 milhão de hectares, praticamente estável em comparação com o ciclo anterior. “Tem chovido praticamente uma vez por semana”, observa o agrônomo da Emater Dulphe Pinheiro Machado Neto, lembrando que a regularidade das precipitações até tem sido superior às do ano passado.
De acordo com o técnico, as projeções de auto-suficiência têm por base as estimativas de consumo de milho fornecidas pelas áreas de avicultura e suinocultura da Emater, que seriam de 5,2 a 5,5 milhões de toneladas. “Isso também depende da conjuntura destes dois setores no decorrer do ano”, pondera. Atravessando uma série de estiagens nas últimas safras, nesta década o Rio Grande do Sul produziu mais milho do que consumiu somente em 2001 e 2003.
A perspectiva de auto-suficiência, porém, é ainda recebida com cautela por setores que podem se beneficiar com o equilíbrio entre oferta e demanda. O secretário executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Eduardo Santos, diz que somente os segmentos de aves, suínos e de pecuária leiteira consumiram 5,5 milhões de toneladas ano passado.
A avicultura utilizou 2,3 milhões de toneladas em 2006 “e este ano vai ficar entre 2,35 e 2,5 milhões de toneladas”, diz. Segundo ele, nem mesmo se em tese a oferta e a demanda se equilibrarem o quadro será estável. “Vão querer exportar milho e vamos ter problemas no mercado”, aposta Santos.
Conforme a Emater, a projeção está baseada no fato de que grande parte da área plantada atravessou o período mais crítico de floração e enchimento de grãos com boa umidade no solo. A área plantada chega a 96% e o percentual colhido é de 5%. A produtividade é calculada em 3.980 quilos por hectare.