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Safra 2003/04 deve cair 2,5%, diz Conab

Em relação às estimativas iniciais, redução da produção de soja deve chegar a 8,7 milhões de toneladas.

Da Redação 29/04/2004 – 05h00 – A quebra da safra brasileira de grãos será maior do que se esperava. A forte seca que atingiu a região Sul e o Estado de Mato Grosso do Sul em janeiro e fevereiro e o excesso de chuvas no Centro-Oeste derrubaram as projeções da produção de 130,8 milhões de toneladas para 120 milhões de toneladas. A quebra de 8,2% em relação à previsão de fevereiro significa que o país está colhendo este ano uma safra 2,5% menor do que a de 2002/03, que foi de 123,1 milhões de toneladas, a maior da história do país. Os números da previsão de safra foram divulgados ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A soja, cuja produtividade já havia sido afetada pela ferrugem asiática, foi a cultura mais atingida pelas adversidades climáticas. Serão colhidas 7,4 milhões de toneladas a menos de soja do que se previa no início do ano. A produção deverá ser de 50,1 milhões de toneladas, 3,5% a menos do que a produção da safra passada. Mesmo assim, os bons preços da commodity no mercado internacional vão garantir ganhos para os produtores de Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste que não tiveram muitos problemas com o clima.

“A renda global não foi afetada, os preços estão bons. Os prejuízos estão localizados nos municípios que sofreram com a seca”, afirmou o presidente da Conab, Luís Carlos Guedes Pinto. Segundo ele, as maiores perdas estão na região das Missões, no Rio Grande do Sul, no oeste de Santa Catarina, sul de Mato Grosso do Sul e noroeste do Paraná.

Com as cotações em alta, as exportações do complexo soja deverão, no mínimo, igualar o desempenho da última safra. Em 2003, o Brasil exportou pouco mais de 35 milhões de toneladas de soja em grão, farelo e óleo. Os estoques de passagem, que estão em 4 milhões de toneladas, deverão compensar a queda da produção. “Nós temos soja suficiente para repetir o volume de exportações”, disse o secretário de Política Agrícola, Ivan Wedekin. Como os preços estão atraentes, os estoques da safra 2002/03 estão sendo desovados.

A produção de milho também foi bastante afetada pela seca, principalmente no Paraná. A quebra da safra será de quase 8% em relação à estimativa de fevereiro, de 46,3 milhões de toneladas. A Conab prevê uma produção de apenas 42,6 milhões de toneladas, 10% a menos do que a safra de milho de 2002/03. A maior quebra se dará na safrinha já que não há sinais de que as chuvas se regularizem. A produção será de, no máximo, 9,7 milhões de toneladas – 23,9% a menos do que a previsão original. Mesmo assim, a Conab acredita que não haverá falta do produto no mercado interno. Como o consumo esperado para este ano é de 39 milhões de toneladas, os estoques de passagem para 2005 ficarão em quase 4 milhões de toneladas.

Para as culturas de inverno, a Conab estima que teremos uma nova safra recorde de trigo. A produção deverá atingir 5,8 milhões de toneladas (alta de 0,8%). A pesquisa também indica aumento da produção de sorgo, da ordem de 10,6% em relação à última safra. A produção deve atingir 1,8 milhão de toneladas.