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Safra 2004/05

<p>USDA aponta aumento dos estoques de grãos.</p>

Da Redação 13/01/2004 – Seguem em alta os estoques globais de algumas das principais commodities agrícolas negociadas pelo Brasil no mercado internacional. É o que mostra relatório sobre oferta e demanda de grãos nos Estados Unidos e no mundo divulgado ontem pelo USDA, o departamento de agricultura americano. De uma maneira geral, os novos números não são muito diferentes daqueles apresentados em dezembro; as poucas alterações, porém, não serviram de alento para os preços de soja, milho, trigo e algodão, que devem seguir pressionados.

No caso da soja, principal item da pauta de exportação do agronegócio brasileiro, o USDA aumentou sua previsão para os estoques finais mundiais para 60,8 milhões de toneladas nesta safra 2004/05. Em dezembro, a estimativa do órgão apontava 60,57 milhões de toneladas. Foram levemente reduzidas as previsões para produção e estoques finais dos EUA – para 85,48 milhões e 11,84 milhões de toneladas, respectivamente -, e elevada, de 16,19 milhões para 16,8 milhões de toneladas, a projeção para os estoques iniciais do Brasil.

“Os fundamentos do mercado não mudaram, e os preços continuam sob efeito da safra americana recorde”, resume Antonio Sartori, da Brasoja. “O mercado esperava uma redução do número do USDA para a safra brasileira na safra 2004/05, o que não aconteceu”, observa Renato Sayeg, da Tetras Corretora. O órgão manteve a safra do Brasil em 64,5 milhões de toneladas, talvez a maior estimativa atual. Sayeg, por exemplo, trabalha com até 62,5 milhões de toneladas. A Conab ainda projeta 61,4 milhões.

Na bolsa de Chicago, as cotações dos contratos futuros do grão acusaram os “ajustes” do USDA e caíram. Os papéis para entrega em março fecharam o pregão de ontem a US$ 5,3375 por bushel, em baixa de 9,5 centavos de dólar sobre a véspera. As cotações da soja também sofreram a influência da retração do milho, cujos contratos para maio perderam 6,25 centavos de dólar por bushel e encerraram o dia negociados a US$ 2,0825.

A queda do milho também foi um reflexo do relatório do USDA, que elevou suas estimativas para os estoques finais americanos – para 49,79 milhões de toneladas – e globais, que saltaram de 111,71 milhões de toneladas (previsão de dezembro) para 114,96 milhões. Para o Brasil, o órgão manteve todas as projeções, inclusive de exportações de 4 milhões de toneladas em 2004/05. No mercado brasileiro, o volume é considerado superestimado, por conta das baixas cotações internacionais e da valorização do real diante do dólar.

No caso do trigo, os estoques finais mundiais foram elevados pelo USDA de 142,83 milhões para 145,29 milhões de toneladas, mas não houve efeito sobre as cotações. De qualquer forma, afirma Aldo Lobo, da Safras & Mercado, não foi uma boa notícia para os preços. “Mas também não é o fim do mundo. O órgão reduziu a previsão para as importações brasileiras de 450 mil para 350 mil toneladas.

Para o algodão, os estoques finais globais foram elevados de 10,13 milhões para 10,26 milhões de toneladas. Mas os preços em Nova York subiram – maio ganhou 22 pontos e foi a 47,46 cents por libra-peso -, em parte porque o mercado já esperava a correção.