Apesar do retorno da chuva em algumas regiões do Rio Grande do Sul, em fevereiro, a seca que começou em novembro do ano passado já provocou uma redução de 8,8 milhões de toneladas na safra 2011/12 de soja, milho, arroz e feijão no Estado em relação ao volume colhido no ciclo anterior. Na mesma base de comparação, a quebra de 33,2% significa uma perda de receita de R$ 5,3 bilhões para os produtores gaúchos, tomando como referência as cotações médias dos grãos na semana passada.
A nova estimativa foi divulgada ontem pela Emater-RS na Expodireto, exposição agropecuária em Não-Me-Toque. De acordo com o diretor técnico da instituição, Gervásio Paulus, em relação às estimativas iniciais para a temporada, as perdas chegam a 6 milhões de toneladas (25,4%) e a cerca de R$ 3,6 bilhões. Com isso, a produção das quatro culturas deverá somar 17,7 milhões de toneladas no Estado.
O novo levantamento, realizado dos dias 20 a 24 de fevereiro, também aponta uma queda de 5,2% em relação à última projeção, divulgada em 26 de janeiro, quando a previsão da safra havia sido revista para 18,7 milhões de toneladas nas quatro culturas. De acordo com Paulus, as perdas estão praticamente consolidadas nos casos do milho, do arroz e do feijão, mas a soja ainda corre riscos de uma quebra maior.
O problema, de acordo com o diretor técnico, é que a colheita da soja não chegou a 10% da área plantada de 4,1 milhões de toneladas. Apesar dos prognósticos de enfraquecimento do fenômeno La Niña (que provoca a estiagem no Sul do Brasil no verão) em março, a qualidade dos grãos já foi comprometida e as plantas estão com baixa estatura, o que tende a provocar mais perdas na hora da colheita porque as máquinas não alcançam as vagens.
Conforme o levantamento divulgado ontem, as lavouras de soja no Estado deverão produzir 7,1 milhões de toneladas, ante a estimativa inicial de 10,3 milhões e a safra anterior de 11,7 milhões de toneladas. As quebras alcançam 30,7% e 39%, respectivamente. A cultura também foi a única a apresentar uma redução significativa em comparação com os números apresentados no fim de janeiro, com perdas adicionais de 864 mil toneladas desde então.
O milho deverá ficar em 3 milhões de toneladas, ante a projeção inicial de 5,3 milhões de toneladas e a produção de 5,8 milhões de toneladas em 2010/11. A safra de arroz deve alcançar 7,4 milhões de toneladas, contra as 8,1 milhões de toneladas previstas inicialmente e as 8,9 milhões de toneladas colhidas na safra passada. O feijão não deverá passar de 69,5 mil toneladas, 14,8% menos do que era projetado no início do ciclo e 25,2% abaixo do resultado de 2010/11.