Depois de três anos em queda, o milho vai voltar a crescer no Paraná na temporada 2011/12. É o que aponta um levantamento informal de intenção de plantio de verão feito pela Gazeta do Povo com representantes do setor produtivo na última semana. Agricultores, cooperativas e revendas de insumos consultados pela reportagem revelam que a área destinada ao cereal pode aumentar até 20% no próximo ciclo. A partir do mês que vem, quando começa o plantio da nova safra de verão, cerca de 900 mil hectares devem ser cultivados em todo o estado.
Preços quase 90% superiores aos praticados um ano atrás animam os produtores a ampliar a área e marcam a virada de jogo do milho na primeira safra paranaense. Os maiores incrementos no plantio devem ocorrer na porção Centro-Sul do estado, que concentra mais da metade da produção paranaense, enquanto as regiões Norte, Oeste e Sudoeste tendem a registrar variações menores.
Nos últimos três anos, custos altos e preços baixos empurraram o produtor para a soja, relata Jeferson Malluta Luciano, coordenador da área técnica da Coopagrícola, de Ponta Grossa, nos Campos Gerais. “Para contornar o mercado, muitos deixaram um pouco de lado a rotação e, agora, com a melhora dos preços, estão voltando ao sistema.”, explica.
Na área de atuação da cooperativa, o plantio de milho deve crescer entre 15% e 20%, estima o técnico. “Estávamos esperando em crescimento maior. Mas o investimento é muito alto porque tem muito gasto com fertilizante, que foi o item que mais subiu neste ano. Já o herbicida para a soja transgênica, que é quem fica com a maior área, está o mesmo preço do ano passado”, observa.
Principal combustível para a retomada do plantio, os preços em alta encorajam os agricultores a arcar com um desembolso maior (veja matéria na página 4). A saca de 60 quilos, que hoje chega a valer R$ 28 em algumas regiões do estado, paga com folga os custos de produção, estimados em pouco mais de R$ 13.
Os números contrastam com o que ocorriam em 2010. Nesta mesma época do ano passado, para cultivar uma saca de milho, o produtor precisava desembolsar cerca de R$ 11. Mas também recebia menos pelo produto, perto de R$ 14. O mercado acaba absorvendo o aumento do custo e o milho volta a valer a pena, considera Leandro Bren, coordenador técnico da cooperativa Agrária, de Entre Rios (Campos Gerais).
“Quem saiu está voltando neste ano. Mas aqui é um pouco diferente do resto do Paraná porque nossos cooperados costumam ser muito fiéis à rotação e, por isso, a área não caiu muito nos anos anteriores”, esclarece o técnico. Ele calcula que cerca de 30% dos 107 mil hectares da área de atuação da Agrária serão cobertos com o cereal neste verão.
“A retomada de área só não é mais forte aqui porque, como tivemos problemas de qualidade na última safra, o produtor prefere não arriscar muito. Em regiões onde não houve problema com grão ardido em 2010 o plantio vai aumentar bastante”, avalia a agrônoma Juliane Nardelle. As projeções iniciais, relata, apontam um incremento de 5% a 10% na primeira safra de milho da Cooperativa Agricola Campo Do Tenente, no Sul do estado. Nos últimos dois anos, o cereal perdeu 30% da sua área para a soja na região, compara Juliane.
Mais otimista, Marcelo Martins Pereira, coordenador do departamento técnico da revenda de insumos Agrícola Campele, em Guarapuava (Campos Gerais,) afirma que, a depender do mercado, o milho pode ganhar em um ano tudo que perdeu em dois. “Se a quebra na safrinha for maior que o esperado e os preços continuarem subindo, (a área) pode voltar ao que era”, prevê.
Ele informa que as vendas de insumos para a safra de verão, que começaram mais cedo neste ano, continuam aquecidas na região.Segundo Pereira, o volume de sementes comercializado até o momento indica que o plantio do cereal deve ganhar entre 15% e 20% na região. Nos últimos dois anos, o recuo acumulado teria sido de 25%.