A terra foi generosa, o clima foi propício à produção de grãos, a tecnologia ajudou a obter maior produtividade. Santa Catarina colhe uma portentosa safra de soja. Também a colheita de milho, principal insumo para a avicultura e a suinocultura bases da poderosa agroindústria estadual , deve dar um expressivo salto à frente, e só não será maior porque houve uma redução de 11% na área plantada em função da decepção com os preços obtidos pela colheita anterior no mercado. Calcula-se que a produção atingirá 1,2 milhão de toneladas da oleaginosa, 28% a mais do que o resultado obtido no ano passado. Segundo a previsão da Epagri/SC, o total da produção de grãos no Estado entre soja, milho, arroz, feijão e trigo chegará a 6,3 milhões de toneladas. Não vale como um novo recorde, pois em 2008 a safra foi a 6,4 milhões de toneladas. Mas o resultado confirma a tradição de Santa Catarina como um dos estados campeões na produção de alimento para um país que tem fome, gerando excedentes de exportação. Entretanto, a boa notícia expõe, também, os mesmos problemas de infraestrutura que emperram o crescimento, aumentam os custos dos produtores e desestimulam investimentos.
Não é apenas a falta de silos e armazéns suficientes para estocar a nova safra que perturba e prejudica o produtor catarinense. A este óbice, somam-se outros fatores que impõem custos extras aos produtores, estreitam suas margens de lucro e os desestimulam a investir na atividade, quando não os motivam a dela se afastar. O estado da malha viária, há muito superada pela demanda, continua calamitoso. As obras nos portos se eternizam – como exemplos, os portos de São Francisco do Sul (SC) e Paranaguá (PR), principais terminais graneleiros do Sul. Nos seus acessos, formam-se enormes filas de caminhões esperando descarregar. A terra fez sua parte, os produtores, também. Os poderes públicos, não. E assim vamos em frente. Aos tropeções.
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