Mato Grosso “é o cara”, na produção mundial de alimentos. Em 2020, somente o cultivo de soja será responsável sozinho pela oferta de mais de 29 milhões de toneladas do grão, volume que daqui a dez anos corresponderá a toda a produção de grãos e fibras estimadas ao Estado no atual ciclo, que não deverá passar de 28 milhões de toneladas.
Ainda para a próxima década, somente as três das quatro principais culturas (milho safrinha, soja e arroz) proporcionarão ao Estado uma produção acima de 47 milhões de t. Em outras palavras, considerando a safra total de Mato Grosso no atual ciclo, a expansão será superior a 58%.
Assim como o Ministério da Agricultura e Pecuária acaba de divulgar estudos que ratificam a vocação de celeiro mundial ao Estado, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), com um dia de atraso, apresenta estudo que também desenha a tendência agropecuária local para a próxima década, mesmo utilizando “um cenário conservador” de possibilidades. Como explica o superintendente, Seneri Paludo, o algodão não faz parte do levantamento porque os atuais fundamentos não permitem uma visão mais a longo prazo.
Neste estudo o Imea vai além do que foi o Mapa ao trazer estimativas para o mercado de carnes bovinas, suínas e aves. As duas últimas poderão ter crescimento de 180% e 116%, respectivamente. Em todas as frentes da atividade agrícola ou pastoril, o resultado mato-grossense é superlativo, frente a qualquer outro Estado.
Antes de apresentar os dados, o Imea – órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Imea) – faz questão de explicar que a expansão de produtos acima dos 100% até a safra 2019/2020 será, em suma, por meio do aumento da tecnologia e aproveitamento de área já abertas. Porém, todo o cenário descrito prevê expansão no campo atrelada à infraestrutura, “esta última, alheia ao capricho dos produtores”, frisa Paludo.
O incremento de tecnologia na produção de carnes, como descreve o levantamento do Imea, disponibilizará gradativamente áreas de pastagens cedidas à produção agrícola, juntamente com os investimentos em agregação de valor à produção estadual com vistas a reduzir os custos proporcionais em infraestrutura. Estes “são os novos fatores a serem considerados nas projeções futuras. É com esta visão que o Imea identifica trajetórias possíveis para o desenvolvimento do Estado”.
Soja– O avanço da sojicultura no Estado pelos próximos dez anos manterá a cultura como a principal atividade agrícola local, e será ainda determinante para pujança de outras variedades, como o milho safrinha, arroz e o algodão. Considerando crescimento linear anual para produtividade, área planta e da demanda mundial, o Imea projetou o seguinte cenário: A produção de soja, em Mato Grosso, crescerá 49% até 2020, ou passar dos atuais 18,22 milhões de toneladas para uma produção de 27,07 milhões de toneladas, com limite mínimo e máximo de 24,5 a 29,8 milhões, respectivamente. Com relação à superfície, o crescimento linear será de 2,5% ao ano, passando de 6 milhões para 7,7 milhões de hectares em 10 anos.
Milho – O milho na projeção desenhará uma participação estável em 35% da área de soja. A área de milho passará dos atuais 1,7 milhão para 2,7 milhões de hectares. A produção acompanha as estimativas de área e produtividade de milho e aumentará de 7,6 milhões de toneladas para 14,9 milhões, crescimento de 95%, com limites que variam entre 13,5 a 16,4 milhões de toneladas.
Arroz – O avanço do cultivo do arroz acontecerá em áreas de pastagens no sistema de rotação de cultura. Esta é uma tendência que já acontece em Mato Grosso e, com investimentos em aumento de capacidade de suporte do rebanho, mais áreas de pastagem estarão disponíveis à agricultura nos próximos anos.
Assim como na soja e no milho, os investimentos em tecnologia permitem esse incremento ao longo dos próximos anos. Similar à soja, a área plantada de arroz deverá crescer 2,5% ao ano, saindo dos atuais 260 mil para 333 mil hectares de cultivo, com limites de 1,5% a 3,5% ao ano. O resultado final será uma expansão de até 72% num cenário positivo. O Imea estima que a produção aumente para 1,2 milhão de toneladas, crescimento de 56%.