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Safra encolhe em SC

Em relação ao ano passado, a colheita caiu 7,15%. Apenas a soja deve apresentar crescimento.

Redação (23/03/2009) – Santa Catarina deve colher 446 mil toneladas a menos de grãos na atual safra de verão, considerando as quatro principais culturas (milho, arroz, soja e feijão) em relação à colheita do ano passado.

Isso representa uma quebra de 7,15%. Apenas a soja deve apresentar crescimento.

A pior previsão é para o milho, principal cultura do Estado, cujas perdas chegam a 12%. A produção do cereal deve cair das 4,1 milhões de toneladas colhidas no ano passado para 3,6 milhões.

Entre os afetados pelas perdas são os irmãos Arlei e Luís Ferrari, do Distrito de Marechal Bormann, em Chapecó. Eles plantaram 40 hectares de milho, de onde esperavam tirar entre 140 e 150 sacas por hectare. Com a estiagem, colheram entre 100 e 110. Numa área de sete hectares, a produtividade ficou em apenas 70 sacas por hectare, o que representa uma quebra de 50%.

Outros dois fatores comprometeram a lucratividade da lavoura dos irmãos Ferrari. Quando plantaram o milho, o insumos tinham quase dobrado de preço. A saca de adubo havia passado de R$ 50 para R$ 98. Atualmente, o preço do fertilizante recuou para R$ 70. "O custo da lavoura foi muito alto ", avalia Arlei. Contando sementes, adubo, herbicida e óleo diesel, ele e o irmão gastaram R$ 2 mil por hectare.

Produtor toma prejuízo com a queda da cotação

O outro complicador é a cotação do milho, que caiu de R$ 22 a saca no ano passado para os atuais R$ 18,50. A renda bruta ficaria em R$ 1.850 por hectare, faltando R$ 150 para fechar a conta. "Vai dar para pagar o financiamento, mas não sobra nada", diz Arlei, que, juntamente com o irmão, tomou empréstimo de R$ 50 mil.

A esperança dos dois é conseguir fazer sobrar algum dinheiro nos 40 hectares de soja, onde esperam colher entre 45 e 50 sacas por hectare.

Por isso, no próximo ano, ele vai aumentar a área de soja em 10 hectares e diminuir o espaço na lavoura de milho.

O engenheiro agrônomo Julio Rodigheri, do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri, afirma que a quebra da safra de milho aumentará o déficit do cereal no Estado, que deve ficar em 1,4 milhão de toneladas.

Rodhigueri diz que, no momento, o preço do produto não deve subir devido à safra local e a uma oferta boa no cenário nacional. Mas o custo pode aumentar para os produtores de suínos e aves a partir do segundo semestre, dependendo da expectativa em relação à safrinha.

O vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, acredita que a quebra do milho no Estado pode chegar a 20%. A perda foi maior ainda no Oeste do Estado. "É menos dinheiro que vai girar na economia da região", argumenta.

Ele sugere que o governo estimule o plantio do milho para a próxima safra, caso contrário boa parte dos produtores do cereal vão migrar para a cultura da soja, agravando o déficit do produto.