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Safrinha do PR tem 15% de milho modificado

As cooperativas terão que investir alto para separar o milho convencional do transgênico.

Redação (20/03/2009) – Na primeira safrinha de milho paranaense em que o cultivo da variedade transgênica Bt (resistente à lagarta) da Monsanto está liberada, aproximadamente 15% da área plantada será ocupada com sementes genéticamente modificadas (GMs), segundo informou ontem o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura. Enquanto a principal preocupação do governo "é com a questão da polinização cruzada", segundo declaração do secretário da Agricultura, Valter Bianchini, no campo os motivos para se franzir a testa são outros: "não deverá haver armazéns suficientes para se segregar uma produção tão grande", afirma o presidente da Coamo, José Aroldo Galassini.

Diante dessa realidade, as cooperativas não terão alternativa. Elas vão ter de investir alto para separar o milho convencional do transgênico. "O volume de plantio com sementes modificadas representa uma parcela expressiva da produção da segunda safra".

A produção com milho transgênico pode chegar perto de 1, 3 milhão de toneladas porque o Departamento de Economia Rural está prevendo o cultivo de 1,55 milhão de hectares com milho safrinha. No ano passado, os produtores do Estado destinaram ao grão, nesta época do ano, 1,59 milhão de hectares e a produção, prejudicada por geadas, foi de 3,8 milhões de toneladas. Em 2009, o Paraná pode colher uma safra 12,5% maior, de até 6,4 milhões de toneladas.

O governo paranaense pretende adotar medidas para desestimular o cultivo do cereal GM nas próximas safras, como faz atualmente com a soja transgênica, onde a fiscalização das sementes é especialmente rigorosa. "Não vamos deter o avanço dos transgênicos, mas sim garantir o direito de quem quer utilizar sementes convencionais", diz o secretário Bianchini. Para ele, " é preciso pensar desde já na questão da armazenagem, da rastreabilidade e em como segregar essa produção. Por enquanto, nós só vamos monitorar esta safra", explica.

No início de março, por sinal, houve uma reunião no Paraná com vários setores da indústria que estão resistentes à tecnologia e estão se articulando para barrar o avanço do milho transgênico. A idéia é conceder ao milho convencional um prêmio, como já acontece na soja convencional que, no Paraná, recebe mais de R$ 2,00 por saca de 60 Kg. O objetivo é fazer do Estado referência na produção de soja e milho convencionais, ocupando este nicho de mercado. O secretário paranaense acha, inclusive, que o milho BT foi aprovado de maneira precipitada e que faltou avaliar mais a fundo as questões ambientais e de saúde.