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Seca ameaça milho gaúcho

Dezembro seco acende o "sinal amarelo" entre os produtores de milho do Estado. Em função do fenômeno climático La Niña as projeções dos meteorologistas são de chuva abaixo da média.

Seca ameaça milho gaúcho

Depois de um mês de novembro com volumes de chuva entre 33% e 85% abaixo da média histórica em diferentes regiões do Rio Grande do Sul, dezembro também começou seco e acendeu o “sinal amarelo” entre os produtores de milho do Estado, diz o gerente técnico da Emater-RS, Dulphe Pinheiro Machado Neto. A instituição ainda não faz projeções sobre uma possível quebra da safra, mas o agrônomo afirma que as próximas duas semanas serão decisivas para o desempenho das lavouras gaúchas.

Conforme Dulphe, cerca de 80% dos 1,2 milhão de hectares previstos para a safra de milho 2011/12 no Estado já estão plantados e mais de 30% estão nas fases de floração e de enchimento de grãos, quando a necessidade de água é maior. A previsão inicial de rendimento é de 4.593 quilos por hectare, já com queda de 12,7% ante o ciclo anterior, enquanto a produção esperada é de 5,3 milhões de toneladas, recuo de 8,2%. A soja, com 75% da área plantada e ainda em período de germinação, precisará de mais umidade somente em janeiro e fevereiro.

O problema, diz Dulphe, é que em função do fenômeno climático La Niña as projeções dos meteorologistas são de chuva abaixo da média também em dezembro, quando os níveis de umidade no Estado já são tradicionalmente baixos. As estiagens são recorrentes no Rio Grande do Sul e a mais expressiva dos últimos anos destroçou a safra 2004/05, quando a produtividade média do milho foi de apenas 1.537 quilos/hectare.

Neste ano, a situação é mais delicada em regiões como o noroeste do Estado, responsável por cerca de 22% da área gaúcha de milho, e no Vale do Taquari (com 10% da área), onde as lavouras nos períodos de floração e de enchimento de grãos já passam dos 50%. Na serra do nordeste, onde ficam 12% das plantações do grão, também falta umidade, mas lá a semeadura ocorre mais tarde e a maior parte das lavouras ainda está em fase de germinação e tem mais tempo para se recuperar, diz o agrônomo.

Segundo o agrônomo Jairton Dezordi, da cooperativa Cotrirosa, de Santa Rosa, no noroeste do Estado, a escassez de chuva “provavelmente” vai comprometer o potencial de parte dos 60 mil hectares de milho plantados pelos 5 mil associados em 14 municípios da região. Ele não arrisca percentuais de queda, mas admite que o rendimento deste ano deverá ficar abaixo da média local de 100 sacas por hectare que foi alcançada em 2010/11 e era esperada para a safra atual.

“O quadro complicou nos últimos dez dias”, diz Dezordi. De acordo com ele, o plantio de milho está concluído na região e mais de 90% da área está justamente nas fases de floração e de enchimento de grãos.

A cooperativa Languiru, de Teutônia, no Vale do Taquari, também já verifica perdas de quase 50% entre alguns dos seus 2,2 mil associados que cultivam o grão, na maior parte dos casos para produzir silagem destinada à alimentação do gado leiteiro. Cada produtor planta de quatro a cinco hectares de milho e no ano passado a produtividade média chegou a 100 sacas por hectare, mas nesta safra tanto o rendimento quanto a qualidade devem cair, admite o agrônomo Fernando Staggemeier.