Redação (27/09/07) – Castro/PR – A falta de chuva, que atrasou o início do plantio de milho no Oeste e Sudoeste do estado, também afeta os Campos Gerais. As precipitações têm sido freqüentes nos últimos dias, mas além de localizadas, as chuvas são esparsas e insuficientes para garantir a semeadura. Na região, os técnicos e jornalistas da Expedição Caminhos do Campo/Gazeta do Povo encontraram nesta semana áreas em situações distintas de plantio.
Em Tibagi, a 210 quilômetros de Curitiba, o produtor Luiz Henrique de Geus precisou interromper a operação das máquinas por excesso de umidade no solo. Apesar da pausa momentânea – chovia ontem em sua propriedade –, a implantação da lavoura de 400 hectares de milho segue em ritmo acelerado. Já na área da Castrolanda, em Castro, menos de 10% do milho foi plantado. Na mesma época do ano passado, pelo menos metade da área de mais de 40 mil hectares estava pronta, diz Frans Borg, presidente da cooperativa.
Com o atraso, os cooperados vão intensificar o plantio na primeira semana de outubro, quando vence o prazo indicado para o cultivo. A concentração da semeadura também causará problemas no final do ciclo produtivo. Durante a colheita, haverá sobrecarga da estrutura logística (máquinas, transporte e armazenamento), diz o analista da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Gustavo Sbrissia, que integra a Expedição.
A expectativa inicial para a safra 2007/08 era de aumento de 3% na área de milho no Paraná. Mas os técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab), já admitem que essa previsão pode não se confirmar. Com a estiagem, explica a agrônoma Margorete Demarchi, o produtor está refazendo suas contas e ainda tem a opção de remanejar parte da área de milho à soja. Ainda não há relatórios estaduais sobre a tendência. No Oeste, porém, a Expedição constatou que a mudança ocorre e a área cultivada com milho deve ser 4,7% menor que no ano passado.
Nos Campos Gerais, as previsões de plantio devem se confirmar, afirma Margorete. Ela considera que o clima favorece a região e o agricultor sente-se motivado a produzir pela valorização do milho e da soja no mercado internacional. O produtor e líder sindical Ivo Arnt, de Tibagi, concorda com a agrônoma. Ele acredita que o mercado vai manter os grãos em alta por pelo menos mais duas safras. Em sua avaliação, haverá uma acomodação na linha das médias históricas.
De acordo com o Deral, os Campos Gerais (Núcleo de Ponta Grossa) respondem por 16% da produção de milho e 11% da soja do Paraná. Na safra passada foram produzidas 1,41 milhão de toneladas do cereal e 1,35 milhão de toneladas da oleaginosa, em 178,5 mil e 417 mil hectares, respectivamente.
A saca de soja na região (preço em Ponta Grossa) estava cotada ontem a R$ 37,5 ao produtor, para uma média estadual de R$ 35,24. O milho, R$ 23 e R$ 20,32. O problema, destaca Borg, é que a cotação está boa no momento em que o agricultor não tem o produto.