Os relatos desanimadores sobre o nível de produtividade dos grãos no Meio-Oeste dos Estados Unidos, divulgados por agrônomos e analistas que têm ido a campo, voltaram a provocar fortes altas das cotações da soja, do milho e do trigo ontem na bolsa de Chicago.
Os contratos de soja para novembro (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) dispararam 49 centavos e atingiram US$ 17,3250 por bushel. Além do encolhimento na produção, preocupa o fato de que a demanda não tem sido racionada, mesmo diante dos preços elevados – diferente do que já acontece com o milho.
Ainda assim, o milho também segue em alta, impulsionado por notícias de que o rendimento nos EUA poderá cair 50% ante o ciclo passado. Os papéis para dezembro registraram ganho mais “modesto” que o da soja, de 15 centavos, a US$ 8,3875 por bushel.
O trigo espelhou-se na valorização do milho. Os contratos para dezembro subiram 19,25 centavos, a US$ 9,22 por bushel. Porém, fatores intrínsecos ao mercado do cereal têm igualmente servido de apoio aos preços.
Segundo Bruno Martin, consultor da INTL FCStone, há o temor de que a seca nos EUA, que retirou boa parte da umidade do solo, comprometa o plantio da safra de trigo de inverno no país, no final do ano. “Isso ainda não está nos números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), mas é um sentimento que o mercado tem”, afirmou. Este ano, a estiagem já devastou boa parte das lavouras de trigo na região do Mar Negro (em países como Rússia e Ucrânia) e na Austrália.
A Argentina, quinto maior exportador de trigo, também deve reduzir drasticamente sua produção em 2012/13. O Ministério da Agricultura do país revisou para baixo o total plantado, dos 3,8 milhões de hectares previstos em julho para 3,7 milhões de hectares – e, conforme já destacou o jornal “Financial Times”, esta deve ser a segunda menor área de cultivo em 110 anos. A queda chega a 20% ante o ciclo 2011/12.