Redação (07/12/2007)- O secretário da Agricultura de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues, defendeu nesta quinta-feira (6), em Belo Horizonte, a importação de milho transgênico, se não houver outro, para garantir o abastecimento principalmente das granjas de aves e suínas do Brasil. “Esta é a alternativa mais viável para superar a atual crise de abastecimento”, disse o secretário, sugerindo ao governo brasileiro seguir o exemplo de outros países, que não fazem restrição aos grãos geneticamente modificados.
“Estamos conversando com o Ministério da Agricultura sobre a necessidade de buscar milho em outros países”, enfatizou o secretário. Para ele, “o recurso da importação é normal e assim deveria ser considerado pelo governo, sobretudo porque o país também exporta”. O secretário disse que o Brasil vendeu 8 milhões de toneladas de milho este ano, ocupando principalmente espaços abertos pelos Estados Unidos, que estão destinando cerca de 80 milhões de toneladas anuais do grão para a produção de etanol naquele país. “Além de ter exportado um grande volume de milho, o Brasil não conta com estoques reguladores ou estratégicos, o que provocou desabastecimento”, acrescentou.
O secretário acredita que, após o impacto de lançamento do projeto de combustível alternativo nos EUA, o programa de exportações de milho pelo Brasil será ajustado. “Além disso, será necessário aperfeiçoar a gestão do abastecimento do país, principalmente com a criação de estoques de segurança”, insistiu. “O problema de abastecimento do milho é pontual e não deverá se repetir, até mesmo porque os agricultores, estimulados pelos preços do produto atualmente, irão plantar mais na próxima safra”.
Alto consumo
O vice-presidente da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg) José Arnaldo Pena, informou que as granjas de Minas contam com um plantel de 2,5 milhões de animais e o consumo total é de cerca de 45 mil sacos de 60 quilos de milho por dia. Já as granjas avícolas do Estado absorvem cerca de 135 mil sacos/dia. Segundo o empresário, a cotação do grão, em Minas, oscila de R$ 30,00 a R$ 37,00 o saco, sendo o preço mais alto registrado na Zona da Mata, onde a produção é pequena.
“Mais preocupante que o preço alto é a falta do produto”, explica Pena. Ele diz que o milho poderia ser substituto por diversos produtos, entre eles o sorgo, que no entanto é pouco cultivado no Estado e no país. “Enquanto o Brasil tem uma produção anual de milho estimada de 52 milhões de toneladas, a de sorgo não alcança 2 milhões de toneladas”, avalia o empresário.
Alimentos alternativos
O professor e pesquisador Elias Pádua Fialho, da Universidade Federal de Lavras (Ufla), que há cerca de vinte anos trabalha com alimentos alternativos para a produção animal, concorda com a possibilidade de utilização do sorgo no lugar do milho. “O sorgo tem mais de uma safra por ano, como o milho, exigem menos água, e seu valor nutricional é similar ao daquele grão”, informa o especialista. “O produto alternativo pode ocupar o lugar do milho na formulação da ração dos suínos”, continua o professor. Segundo ele, a indústria de ração não utiliza o sorgo porque não existe abastecimento e o agricultor não o cultiva porque o mercado é incerto.
O professor Elias Fialho esclarece que, além do sorgo, há mais de 60 produtos que podem ser usados como alternativas para o milho na alimentação de suínos. Em seu livro “Alimentos alternativos para suínos”, editado pela Ufla, ele apresenta a relação completa dos produtos, entre os quais se destacam os seguintes: mandioca (que não pode ser consumida in-natura pelos porcos), caldo de cana e milheto (semente de um cereal usado em pastagem). O pesquisador cita ainda como alimentos alternativos para suínos a casca de café e os resíduos da agroindústria de tomate, laranja e maracujá.