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Sem acordo com bancos, Cooagri não deve receber soja

A Coooperativa Agropecuária e Industrial não conseguiu aprovação dos credores para concluir venda e não receberá grãos de soja em seus armazéns.

Redação (27/03/2009) – O presidente da Cooagri (Cooperativa Agropecuária e Industrial), Nivaldo Krüger, admitiu ontem ao Diário MS que os armazéns da empresa não devem receber os grãos de soja oriundos desta safra. A empresa foi vendida para a ADM (Archer Daniels Midland), empresa norte-americana, que ainda não conseguiu a aprovação dos bancos credores para assumir o controle da Cooagri.

“A negociação está trancada. Eles (a ADM) estão negociando com os bancos, mas não dá mais tempo de receber a safra”, disse Krüger. “A ADM trabalha, mas sem previsão de operar. Depois ainda tem a anuência do contrato, tem a burocracia; não vai dar tempo”, ressalta o presidente.

Atualmente, em torno de 60% da produção de soja de Mato Grosso do Sul já foi colhida. Segundo Krüger, o produtor encontrou alternativas para entregar a produção em outros armazéns. Por outro lado, além da perda na safra, a produção é escoada de forma contínua à indústrias e portos, o que destranca os armazéns.

A Cooagri tem 18 armazéns espalhados no centro-sul de MS, a região agrícola mais produtiva do Estado. No total, a capacidade estática de recebimento de grãos da cooperativa, que tem sede em Dourados, é de 500 mil toneladas, o equivalente a 30% de toda a produção do Estado. Como a quebra de safra é estimada em quase 30%, os armazéns da empresa acabaram não fazendo tanta falta.

A capacidade de armazenamento pode dobrar no sistema de rodízio, quando o grão entra, é secado e sai para os portos ou indústrias. Em 2007 a cooperativa recebeu 800 mil toneladas de soja, com este sistema. É um negócio gigante, que fez da Cooagri a 12ª maior cooperativa do país, a maior do Centro-Oeste e a segunda maior empresa de MS em 2007 (a maior foi a Enersul).

A ADM opera com soja, milho, trigo e biocombustível nos Estados Unidos. É maior produtora de etanol à base de milho daquele país. A empresa não se pronunciou oficialmente ainda sobre a sua operação em Dourados – mesmo porque depende do acerto com os credores da Cooagri -, mas especula-se que estaria interessada também na industrialização do álcool e açúcar à base de cana.

A aprovação do arrendamento da Cooagri para a ADM aconteceu no dia 13. A empresa pretendia assumir o controle dos armazéns na semana seguinte e começar o recebimento da safra desde o início da colheita. Ao todo, a ADM negocia com 20 bancos credores da Cooagri. O acerto já foi feito com a maioria deles. Somente após o aceite dos credores é que a ADM pode assumir o controle da estrutura da cooperativa.