Um estudo divulgado recentemente pela Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja) mostra que o custo de produção da soja brasileira é um dos mais baixos do mundo. As condições favoráveis de clima e solo, aliadas à tecnologia de ponta empregada pelos produtores locais, fazem com que a tonelada da soja mato-grossense, ainda dentro da fazenda, custe em média 37 dólares menos que a produzida nos Estados Unidos. A segunda parte do estudo, no entanto, não é tão animadora. Segundo a Aprosoja, a oleaginosa cultivada no Brasil chega ao porto custando 53 dólares mais que a americana. Como isso é possível? Graças à precariedade de nosso sistema logístico – um dos principais fatores de perda de competitividade não apenas do agronegócio, mas da indústria brasileira como um todo.
Sem hidrovias e com uma malha ferroviária insuficiente, o produtor brasileiro não têm outra opção a não ser despachar sua produção em caminhões, por estradas em péssimo estado. O resultado: além de um custo médio de logística de 120 dólares por tonelada – quatro vezes mais que o pago pelos americanos, que fazem o transporte por meio de barcaças -, cerca de 5% da produção é desperdiçada durante o trajeto, acarretando uma perda anual de faturamento da ordem de 5 bilhões de dólares. Hoje, com os preços das commodities no pico, o problema é encarado apenas como um fator de redução de rentabilidade do produtor brasileiro. Porém, em caso de queda nos preços internacionais da soja, os gargalos logísticos brasileiros podem até inviabilizar as exportações.