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Sementes piratas

Pesquisadora da Embrapa alerta para os riscos do uso de sementes que não sejam certificadas. "O barato sai caro", diz.

Sementes piratas

Com a proximidade do período chuvoso e do início do plantio de determinadas culturas, a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Caroline Jácome Costa, faz um alerta ao produtor: a importância de se utilizar sementes certificadas. “A opção pelas sementes de qualidade superior deve ser o ponto de partida para a sustentabilidade do agronegócio. Semente pirata é um barato que sai caro. A utilização de sementes certificadas é uma questão de qualidade”, afirma.

No sistema de certificação, o produtor de sementes tem que seguir determinadas normas, estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Deve-se atender uma série de requisitos ao longo da produção para que, no final do processo, haja a garantia de que se trata de um material representativo da cultivar e que atenda padrões mínimos de qualidade fisiológica e sanitária. Isso acaba se refletindo no próprio desempenho dessa semente no campo”. De acordo com a estudiosa, é possível estabelecer uma relação direta entre a taxa de utilização de sementes de qualidade e os índices de produtividade registrados para as principais culturas.

Segundo ela, a utilização de sementes piratas compromete não apenas o retorno dos investimentos do produtor, mas, também, a continuidade dos programas de melhoramento genético. “O Brasil conta com uma indústria de sementes bem estabelecida, amparada por excelentes instituições públicas e privadas de pesquisa e que oferece um produto de qualidade ao mercado. São os royalties de uma semente que o produtor compra legalmente que alimenta toda a pesquisa”, defende.

Com a utilização de sementes não certificadas, há ainda o problema da introdução de pragas e doenças em áreas indenes. “O recrudescimento de doenças já banidas em algumas culturas de importância econômica, como Cercospora sojina (mancha olho-de-rã) em soja e a disseminação de Sclerotinia sclerotiorum (mofo branco) em áreas livres da doença já foram relatados como consequências da utilização de sementes piratas”. Para as grandes culturas, o custo de produção relativo às sementes fica em torno de 5 a 6%. “Se o produtor decidir economizar com isso, ele pode ter problemas sérios lá na frente. Definitivamente não vale a pena”, afirma a pesquisadora.

Legislação – Dois fatores que podem ter intensificado o uso de sementes piratas nos últimos anos foram a demora para a regulamentação da Lei de Biossegurança, que trata, dentre outros aspectos, da comercialização de organismos geneticamente modificados no país, e a mudança da legislação referente à produção de sementes. Desde 2004, a Lei de Sementes permite a utilização de sementes próprias, o que pode estimular o desenvolvimento de um sistema de produção paralelo ao sistema formal.