Apesar de 15% da soja e 24% do milho continuarem sendo cultivados com sementes convencionais, a proporção dos não-transgênicos cai depois da colheita. Isso porque, sem estrutura para segregação, produtores e cooperativas misturam os grãos. Na soja, a produção convencional é preservada só até o momento da entrega aos armazéns, para que não haja necessidade de pagamento de royalties. No milho, não há essa preocupação. Em caso de dúvida, toda a produção é entregue como se fosse transgênica. Dessa forma, a proporção de milho e soja transgênicos no mercado podem passar de 90%, avaliam os técnicos do setor consultados pela Expedição Safra.
A área de soja convencional caiu de 32% para 12% no total de 1,6 milhão de hectares dedicado à oleaginosa na zona de abrangência da Coamo, maior coopertiva da América Latina, com sede em Campo Mourão (PR). A empresa informa que, na maioria dos casos, os produtores não têm estrutura para separar os dois tipos de grãos. A produção é vendida como se fosse transgênica.
No milho, a dificuldade não se limita à estrutura física, uma vez que lavouras convencionais podem ser consideradas transgênicas quando crescem próximas de áreas cultivadas com grãos GM, pela polinização entre as plantas. Diante desse quadro, os agricultores que optam pela semente modificada estendem logo o uso da tecnologia a toda a área – ou a 90% dela, como orientam as indústrias. “Deixamos só 10% da área de milho com semente convencional. Nas outras áreas de milho e de soja, plantamos transgênicos”, relata Juliano Zancanaro, que cultiva 1,6 mil hectares entre Unaí e Paracatu, em Minas Gerais.