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Setor amplia discussões de OGMs

Especialistas afirmam que lavouras de soja transgênica são mais suscetíveis as ações da estiagem.

Da Redação 19/04/2004 – 05h43 – Quem plantou soja transgênica nesta safra foi mais castigado com a estiagem que assola o Estado. Cientistas na área de biotecnologia apontam a falta de uma variedade desenvolvida especialmente para o clima do Brasil como uma causa para as perdas nesta safra de dias secos. De acordo com o diretor técnico da Fundacep, José Ruedell – que comparou as safras de 2001/2002 e 2002/2003 com variedades da Argentina (transgênicas) e com variedades do Brasil (convencionais) em áreas limpas de invasoras, plantadas na mesma época e em condições iguais – as sementes vizinhas foram adaptadas a clima e solo diferentes e preparadas para latitude maior. “No RS ficaram com o ciclo apurado”, declarou.

O assistente técnico regional de culturas da Emater, Cláudio Dóro, acrescenta que o ciclo, precoce na Argentina, aqui virou superprecoce. “E o déficit hídrico acumulado de janeiro pra cá passa de 75 dias”, informou. O produtor de Não-Me-Toque, Arlindo Weber, que planta soja há 30 anos e que “desde 1973 não via seca assim”, admite quebra de quase 50% na lavoura com organimos geneticamente modificados (OGMs). “Imaginava 50 sacos por hectare e consegui 28″, destaca. No ano passado obteve 60 sacos/ha. Da lavoura convencional que ainda está colhendo observa: ”Não tem 50% de quebra. Acho que agüenta mais a seca”.

O agrônomo Leonardo Melgarejo fundamentado em estudos de pesquisadores dos Estados Unidos e Argentina, confirma que a seca afeta de forma mais dramática as variedades de ciclo mais curto: “Estudos dos pesquisadores Charles Benbrook e Walter Pengue mostram que os transgênicos são mais suscetíveis a deficiência d`água. Na transgenia a produção é 6% menor do que a não transgênica”. O produtor de Tupanciretã, Alcides Alves, que há 15 anos semeia o grão, destinou 90% de sua área para os OGMs. “Os transgênicos são mais eficientes por não terem inços competindo. Na convencional a água também é absorvida pelas invasoras”, defende ele.

Para Ruedell, as variedades precoces sofrem mais do que médias ou tardias porque “trabalham mais para formar o grão.” Mas, comprovou que “as argentinas produziram mais em áreas sujas com invasoras do que as brasileiras”.

Em nota oficial, divulgada pela multinacional Monsanto, a empresa esclarece que “a biotecnologia minimiza impactos da estiagem e impulsiona o plantio direto, prática que preserva solo e economiza recursos hídricos”.