Redação (29/11/2007)- Quatro entidades da cadeia produtiva de aves e suínos estão cada vez mais preocupadas com a possibilidade de faltar milho no mercado interno para a fabricação de rações destinadas à alimentação animal. Elas querem do governo flexibilidade para a importação de dois milhões de toneladas do produto geneticamente modificado, diante da carência da espécie convencional, para garantir estoque até fevereiro de 2008, antes do início da próxima safra.
Nesta quarta-feira (28//11), a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) e a União Brasileira de Avicultura (UBA) protocolaram na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) um pedido para que o órgão agilize a medida.
O presidente da ABCS, Rubens Valentini, criticou o fato de o País encontrar dificuldades na importação do milho transgênico. Segundo ele, a falta deste produto para a alimentação de animais, além de encarecer o milho convencional, resulta em perda de competitividade. Ele acrescentou que o preço da saca dobrou nos últimos 90 dias, chegando ontem a R$ 33 (cerca de US$ 18), enquanto o preço da saca nos Estados Unidos, um dos principais produtores, juntamente com Brasil e Argentina, custa US$ 8.
A principal reclamação de avicultores e suinocultores nos últimos meses tem sido a falta do produto, enquanto o País tem exportado grande contingente. Valentini disse, no entanto, que é contra a restrição das exportações. “Somos inteiramente a favor do livre comércio internacional”, afiromu. De acordo com dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o País vendeu para o exterior, de janeiro a outubro, 8,7 milhões de toneladas de milho, 175,6% a mais do que no mesmo período de 2006.
Para o secretário-executivo da UBA, João Tomelin, a possível falta de estoque está atribuída ao atraso no plantio de milho, devido a questões climáticas, principalmente na região Sul, responsável por 80% da produção de carne de aves no País. “Se não importarmos, teremos um estágio crítico no mês de janeiro”.
Juntos, os setores de aves e suínos devem exportar este ano US$ 6,5 bilhões, dos quais US$ 4 bilhões são referentes ao setor de aves e US$ 1,5 bilhão ao de suínos, conforme informações da UBA e da ABCS. Os dois setores geram aproximadamente 4 milhões de postos de trabalho.