Redação (27/11/2008) – É o segundo relatório elaborado pelos técnicos da Epagri/Cepa, com informações preliminares sobre a situação das culturas de milho, soja, feijão, arroz e fumo, entre outras, depois das intensas chuvas que assolam o Estado há mais de três meses.
Epagri
É o segundo relatório elaborado pelos técnicos da Epagri/Cepa, com informações preliminares sobre a situação das culturas de milho, soja, feijão, arroz e fumo, entre outras, depois das intensas chuvas que assolam o Estado há mais de três meses.
O excesso de chuva em SC foi um evento muito localizado, não ocorrendo em todo o Estado. Atingiu principalmente o Vale do Itajaí, que compreende as regiões de Blumenau e Itajaí, o Litoral Norte (Jaraguá do Sul e Joinville), Litoral Centro (Grande Florianópolis), com impacto menor no Litoral Sul, envolvendo as regiões de Araranguá, Criciúma e Tubarão.
Um problema foi o excesso de chuva que vem ocorrendo de forma recorrente nos últimos três meses, que prejudicou a agricultura de forma geral em todo o Estado, afetando a colheita do trigo e o plantio das safras de verão, principalmente o milho, feijão, soja e o desenvolvimento do fumo. Por outro lado, as enchentes ocorridas na última semana se restringiram às regiões citadas acima.
Os fatores climáticos adversos ocorridos nos últimos meses, como excesso de chuvas, variação brusca de temperatura, excesso de umidade, baixo índice de insolação, dificultaram o preparo de solo e plantio e o desenvolvimento das lavouras de verão. Nas culturas de inverno as intempéries interferiram mais na colheita e na qualidade dos produtos.
A seguir apresentamos uma síntese da situação das principais lavouras em desenvolvimento nas diversas regiões produtoras.
Milho
A área já plantada no estado gira em torno de 90% da área estimada inicialmente. Os dez por cento restantes situam-se nas regiões do Meio Oeste e Planalto Serrano. De modo geral o excesso de chuvas não causou prejuízo significativo à cultura. Nas regiões onde as chuvas são mais intensas, a cultura é pouco expressiva, a área plantada de milho é de aproximadamente 6% da área cultivada no estado. A estimativa de perda está sendo levantada, porém, preliminarmente, acredita-se que somente haverá prejuízo em pequenas áreas que foram inundadas.
Feijão
Aproximadamente 60% da área encontra-se plantada. Nas regiões de Campos de Lages, Curitibanos e Joaçaba o plantio está mais atrasado, o que é característico considerando o cronograma de plantio nestes locais.
Esta cultura é bastante susceptível a excesso de chuvas, que prejudicam o desenvolvimento, além de aumentar a incidência de doenças. A Região Oeste e Planalto Norte, onde o plantio se encontra concluído, o clima tem se apresentado favorável ao desenvolvimento da lavoura. Nas regiões mais atingidas pelas chuvas, nos últimas semanas, a área plantada representa aproximadamente 5% do total cultivado. Nestas áreas parte das lavouras devem se recuperar com a normalidade do tempo, enquanto a menor parte talvez necessite de replantio, no entanto, o dimensionamento ainda está sendo realizado.
Trigo
A colheita segue em ritmo acelerado. Estima-se que 50 a 55% da lavoura estejam colhidos. Na região oeste e no planalto norte a colheita deve praticamente ser concluída ainda até o final de novembro. Na região de Joaçaba, Curitibanos e Campos de Lages a colheita segue normalmente, com aproximadamente 30% colhidos. A produtividade obtida é maior que a expectativa que se tinha há algumas semanas.
Arroz
O plantio em todo estado está quase concluído em mais de 98% da área cultivada. Os problemas nas áreas cultivadas são diferenciados, conforme a região, principalmente considerando o estágio atual de desenvolvimento da cultura e a precipitação pluviométrica local. Por esses fatores as regiões mais prejudicadas são as do Baixo e Médio Vale do Itajaí e Criciúma no Sul Catarinense, que detém em torno de 27% da área cultivada em Santa Catarina.
Uma avaliação mais consistente poderá ser efetuada somente após o escoamento das águas, porém, um levantamento preliminar aponta para uma perda de 10 a 12% da produção. Cabe destacar que em alguns casos houve perda total da área plantada, e isso concretamente se constitui em prejuízo para o agricultor, mas, ainda existe a possibilidade de replantio das áreas, o que reduz a quebra de safra.
Soja
De 40% a 45% da área já está plantada. O plantio segue em ritmo normal para esta época, estando as regiões que plantam mais tarde (Joaçaba, Curitibanos e Lages) com 30 a 35% plantado. A cultura da soja por ser cultivada nas regiões, cujo clima segue normal e também por ter época de plantio mais tardia, não deverá ter os mesmos problemas que as demais culturas.
Fumo
As perdas na cultura, em Santa Catarina, devem ser da ordem de 10 a 15%, em média, sendo mais expressivas na Região Sul Catarinense, onde podem chegar a 20%. O fumo de modo geral não foi comprometido somente pelo excesso de chuvas dos últimos dias. As perdas são acumulativas e decorrentes das insistentes chuvas e também pela falta de luminosidade. Por conta disso, a cultura não se desenvolveu como o esperado e sua qualidade está comprometida (fumo muito leve, com poucas folhas). Parte da cultura em desenvolvimento vegetativo, ainda pode ser parcialmente recuperada, com tratos culturais e um reforço na adubação de cobertura.
Banana
Com uma produção estimada de 707.683 mil toneladas, a Microrregião Geográfica de Joinville é responsável por 55%, seguida pela de Blumenau, com 19% e de Itajaí, com 16%.
Devido à característica da cultura, os prejuízos deverão se limitar as poucas plantas que foram arrancadas e alguns tratos culturais que não puderam ser feitos. Alguns bananais de áreas baixas podem ser prejudicados. As perdas não deverão ultrapassar de 2% a 3%.
Cebola
Até o presente momento, a área colhida representa 15% da área cultivada. As lavouras colhidas são de variedades precoces. Devendo iniciar nos próximos dias a colheita das variedades “bolas”. A parte colhida apresenta problema de qualidade, porque a operação de limpeza está dificultada pelo excesso de umidade. Felizmente o excesso de chuvas que causou as enchentes da última semana não afetaram o Alto Vale do Itajaí, principal região produtora.
Olericultura
O excesso de chuvas nos últimos dias piorou significativamente a situação dos produtores de hortaliças da região litorânea, que já acumulavam fortes prejuízos nos últimos 3 meses, principalmente, das folhosas. Além das perdas já consumadas, o cronograma de preparo de solo, transplante e desenvolvimento das culturas sofreu interrupção prejudicando o abastecimento futuro. As perdas ainda estão sendo levantadas.
No Vale do Rio Canoas as operações de preparo do solo e plantio transcorrem normalmente, sem alteração de cronograma, o mesmo acontece na região do Meio Oeste.