No ano passado, Mato Grosso chegou a ficar com 2,5 milhões de toneladas de milho a céu aberto, por falta de armazéns. Os leilões foram realizados de forma lenta, acarretando perdas para os produtores que não tinham onde guardar o produto. Este ano, com a produção de 9,5 milhões de toneladas – 1 milhão de toneladas a mais do que em 2009, ou 12,13% de incremento – os produtores temem que a história se repita.
Em função dos excessos, a desvalorização do preço da saca é inevitável em 2010, contra cotações de 2009. Em Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao norte de Cuiabá), por exemplo, a saca que estava cotada a R$ 12 em 13 de abril do ano passado, hoje não passa de R$ 7, ou seja, desvalorização de 40%, conforme estatísticas do Imea.
“Em 2010 temos uma agravante. Além dos 9,5 milhões de toneladas da safra nova, temos ainda 1 milhão de toneladas nas mãos dos produtores e um estoque de 2,8 milhões de toneladas do governo federal. Não bastasse o grande volume de estoque, os produtores convivem com os menores preços do milho nos últimos anos”, alerta o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Carlos Favaro.
Ele conta que o plantio de milho vai caminhando para sua reta final e os armazéns estão abarrotados de soja. “Se alguma providência não for tomada, ficaremos sem espaço para acomodar a produção nova de milho. Não há tempo para perder. O governo federal tem de começar a programar os leilões imediatamente”. No ano passado, os leilões contemplaram sete milhões de toneladas, com 73% da produção do Estado sendo subsidiados ou comprados pelo governo federal, totalizando perto de R$ 800 milhões.
Favaro lembra que pelo compromisso do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, ainda no mês de abril a Conab realiza os primeiros leilões do ano. “O governo federal precisa intervir imediatamente. Se demorar vai estragar milho no tempo”.
Área- O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgou ontem, em seu boletim de estimativa ao milho, que a área plantada deve somar 2 milhões de hectares, contra 1,6 milhão da safra passada, incremento de 19,41%.
Segundo os levantamentos realizados pelo Imea, o mercado de milho encerrou o mês de março de 2010 estagnado. O preço do grão em baixa tem desfavorecido a comercialização e são poucos os negócios no Estado. Analisando o histórico dos últimos três anos em Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá), a saca do milho teve desvalorização de 33% em relação ao mesmo período de 2009, quando era cotada a R$ 14,10.