O velho ditado popular que diz: “Quem ri por último ri melhor”, se encaixa perfeitamente no cenário da nova safra de soja. Quem não vendeu a produção, ou manteve ainda sob suas mãos boa parcela do grão que se desenvolve nas lavouras do Estado, pode ganhar um adicional ao “matar” a fome do mercado pela oleaginosa, logo nas primeiras semanas do novo ano. As tradings estão praticamente sem estoques para esmagar e vou querer tudo que Mato Grosso colher, especialmente das lavouras precoces. Reflexo direto deste apetite está na cotação. A saca de janeiro está em média R$ 0,55 mais valiosa.
Fora a acirrada concorrência entre as tradings logo no início do ano – o que por si só já aplica adicionais ao preço da saca -, outro fator no curto prazo, tende a melhorar ainda mais os preços ao sojicultor mato-grossense, a valorização do dólar. Somente em novembro ficou 3,75% superior à media obervada em igual momento de 2011.
Como explica o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em seu Boletim Semanal da Soja, divulgado nesta segunda-feira (03), todo esse cenário vem sendo desenhado há alguns meses. O esmagamento de soja, em Mato Grosso, até outubro segue não tendo o mesmo vigor que o de 2011, e a tendência do mercado, devido ao baixo estoque da oleaginosa em grão é a queda da produção nas esmagadoras nos dois últimos meses de 2012.
“Essa diminuição do estoque em 2012 e a entrada de 2013 praticamente sem soja farão com que as tradings com fábricas mato-grossenses disputem a primeira soja que sairá do campo, de modo que o processamento volte a ocorrer depois do recesso de final de ano”, detalham os analistas do Imea. Com isso, quem pode levar vantagem é o sojicultor que ainda não negociou a soja das primeiras áreas e colherá logo em meados de janeiro do próximo ano.
Conforme cálculos do Imea, considerando a paridade e desconsiderando o prêmio, já que a compra para processamento tem como base o cálculo da margem de esmagamento, “a saca da soja em janeiro já é em média R$ 0,55/saca mais valiosa e a concorrência pelo produto pode deixar essa diferença muito mais interessante”.
Como relembra o Imea, até junho deste ano o esmagamento foi superior ao do ano passado, porém com a grande exportação da soja em grão e a restrição de produto para o esmagamento, de julho em diante a moagem diminuiu no Estado. No acumulado destes dez meses do ano foram atingidas 6,74 milhões de toneladas de grãos esmagados, 3,3% menor que na mesma temporada de 2011.
Os números mais recentes apurados pelo Instituto mostram que de janeiro a setembro, Mato Grosso exportou 10,36 milhões de toneladas de soja em grão, volume que supera todo o embarque realizado em doze meses de 2011 e 2010. Em cifras, os nove meses deste ano também revelam no acumulado valores acima do consolidado nos dois últimos anos. Até setembro deste ano os embarques somam US$ 5,36 bilhões, ante os doze meses de 2011, US$ 4,77 bilhões, e igual período de 2010, US$ 3,28 bilhões.
Efeito dólar – “A moeda norte-americana não registrava preço tão elevado desde maio de 2009, o que significa para o Brasil que o real está desvalorizado, e sinaliza ao mercado que é o melhor momento para negociações com o exterior”, avalia o Boletim da Soja.
O mercado mundial da soja utiliza o preço em dólar como referência, e mesmo que os contratos para março estejam exibindo recuo, o valor final em reais está sendo amenizado pelo aumento do dólar. Em novembro a cotação do dólar atingiu a média de US$ 2,07, com variação positiva de 3,75% no período correspondente entre os dias 1º e 30. “Com isso, os efeitos externos da crise europeia, e a política monetária norte-americana podem favorecer o produtor mato-grossense que deseja fixar as sacas em dólar na moeda nacional”.