Para o sojicultor mato-grossense que contabilizou renda menor nesta safra em relação a anterior, pode se assustar ainda mais com os rumos, que por ora, o mercado da oleaginosa sinaliza para o ciclo 2013/14. Estimativas apontam que frente a uma nova alta no desembolso de custeio, há automaticamente, uma necessidade dobrada de bons preços, para que o produtor atenda suas expectativas e consiga, sobretudo, cobrir essa elevação nos preços dos insumos.
Se na safra colhida há pouco mais de um mês o custo de produção ampliado em mais de 20% foi uma dura realidade, mesmo com um cenário favorável de preços, imagina uma despesa pelo menos 21% maior e a receita destinada a encolher ainda mais? A realidade do produtor mato-grossense não é nada motivadora. Como nunca, os olhos se voltam para o mercado da saca e para o mercado dos insumos, comportamentos que de maneira geral, sempre frustram os empreendedores rurais: a saca nunca atinge o nível desejável de preços e os insumos, invariavelmente, custam sempre mais do que deveriam.
A celeuma da nova safra já está nas rodas e nas anotações dos analistas. No Boletim da Soja, divulgado ontem pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o custo a mais é uma certeza. Como apontam os analistas do Imea, “outro fator impulsiona a expectativa do produtor quanto à alta nos preços da soja para esta safra, o custo de produção, que foi pressionado principalmente pela alta do frete na safra 2012/13 e vai desencadear majorações na cadeia”.
A estimativa para a safra 2013/14 é que o custo dos insumos suba para R$ 1.169,32, média no Estado. Em comparativo com a safra 2012/13, quando o custo registrado foi de R$ 968,34, tem-se um aumento de 21% no preço dos principais insumos utilizados, defensivos, fertilizantes e sementes. “Os defensivos agrícolas registraram maior aumento, passando de R$ 343,51 na safra 2012/13 para R$ 410,28 na safra 2013/14, representando um acréscimo de 20%. Com crescimento ininterrupto desde a safra 2009/10, os fertilizantes também registram aumento no comparativo das últimas duas safras, passando de R$ 518,05 na safra 2012/13 para R$ 616,42 na safra 2013/14. As sementes também apresentaram uma elevação significativa no preço, de 33%, passando de R$ 106,68 na safra 2012/13 para R$ 141,92 na safra 2013/14”, registra o Boletim.
Do outro lado, o mercado futuro, negociado na Bolsa de Valores de Chicago, ainda oscila em razão de fatores como a gripe aviária na China, onde milhares que aves já foram abatidas, gerando uma expectativa de que haja diminuição na demanda de soja para fabricação de ração e a condição climática nos EUA, que traz incertezas quanto à área destinada ao plantio da soja. Nesse contexto fica difícil traçar um preço para as primeiras comercializações antecipadas. Por enquanto, a única certeza é que a safra nova superará a atual e será a mais cara de todas no Estado.