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Soja convencional vale R$ 2,30 mais no Paraná

Todo esse quadro está fazendo com que no Paraná o produto transgênico não deslanche e, inclusive, perca espaço.

Redação (18/03/2009) – Grandes responsáveis pela disseminação do plantio de soja transgênica no Estado, as grandes cooperativas paranaenses estão tendo de pagar em 2009 prêmio de até R$ 2,30 por saca de soja de 60 kg para atender clientes, principalmente europeus e asiáticos, que não aceitam soja geneticamente modificada . A maior cooperativa do País, a Coamo, de Campo Mourão (PR) está pagando R$ 2,00 a mais por saca de soja convencional na atual safra, segundo informou seu presidente, José Aroldo Galassini. No ano passado, das 2,4 milhões de toneladas que a cooperativa movimentou, 900 mil toneladas foram do produto livre de transgenia.

"Nós temos de atender clientes europeus que usam soja para alimentação e não querem o produto modificado. Este prêmio é formado por estes contratos que exigem a soja convencional. Do total, 40% ficam com a cooperativa e 60% vão para o produtor", conta Galassini. "Fazemos isso há vários anos, mas antes o prêmio era menor, variava de R$ 1,00 a R$ 1,40", acrescenta. Segundo ele, o sobre preço é formado nos contratos e a cooperativa fica com uma parte "pelos investimentos que faz para segregar o produto, principalmente em novos armazéns".

Da mesma forma que a Coamo, a Cocamar e a Integrada, além de outras grandes cooperativas como a C.Vale, a Copacol e a Cocari também fazem a segregação dos grãos para atender clientes específicos. Segundo Luis Yamashita, gerente comercial da Integrada, a cooperativa optou por outro modelo de remuneração do produtor. "Até o ano passado nós pagávamos o prêmio de R$ 2,00 por cada contrato com a Europa e os países asiáticos, mas agora resolvemos colocar tudo num bolo só. Ao final do ano fechamos as contas de quanto ganhamos com a soja convencional e repassamos aos produtores. Anos passado, das 500 mil toneladas movimentadas 40% foi convencional", conta ele.

Segundo Silvio Krinski, da gerência técnica da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), a soja convencional se transformou num nicho, mas ele é muito importante neste momento do mercado. "O que está ocorrendo é que a soja transgênica está perdendo seu grande atrativo que é o menor custo de produção. Com o prêmio que está sendo pago e a elevação que houve no preço do glifosato os custos praticamente empataram", conta ele. Depois, há regiões no Paraná como no Centro-Sul do estado onde as variedades transgênicas são bem menos produtivas que a convencional.

Todo esse quadro está fazendo com que no Paraná o produto transgênico não deslanche e, inclusive, perca espaço. Segundo levantamento da Associação Paranaense de Sementes e Mudas (Apasem), para a safra 2008/09, já houve menor demanda por soja transgênica. De um total de 4,07 milhões de sacas de sementes disponíveis no mercado, 56% eram de semente convencional e 44% de transgênica. A Apasem é constituída por 82 produtores de sementes, que produzem 95% das sementes de soja disponíveis no mercado. O levantamento da entidade feito no ano passado para a safra 2007/08 indicava que das 4,324 milhões de sacas de sementes de soja disponíveis no mercado, 48% eram de sementes convencionais e 52% de transgênicas.