Os produtores de Goiás colhem neste momento a maior safra de soja de sua história. O Estado vai produzir no ciclo 2009/10 cerca de 7,38 milhões de toneladas de soja, volume que supera em 8% a produção da safra anterior. O grão se consolida como principal atividade do Estado, expandindo-se desde o sudeste, na divisa entre Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, até o norte e nordeste, onde o Estado faz divisa com o Tocantins e a Bahia, respectivamente.
E é no nordeste de Goiás já na divisa com a Bahia, onde o Centro-Oeste se encontra com o Nordeste, que a soja se desenvolve. Do lado goiano, o terreno um pouco mais acidentado limita o plantio do grão, mas conforme se sobe a serra e se adentra a Bahia, as grandes chapadas tomam conta da paisagem e as extensas áreas de plantio permitem o avanço da agricultura.
No sudoeste de Goiás – principal região produtora -, cerca de 80% da área plantada já está colhida. A média estadual está pouco acima de 50%, mas à frente do mesmo período do ano passado, quando a colheita estava entre 40% e 45%. Já na região de Posse, onde o clima é mais parecido com o oeste da Bahia e o plantio começou na segunda metade de outubro do ano passado, apenas 30% da área foi colhida.
Boa parte do aumento de produção de soja no Estado nesta temporada se deve ao milho. Os preços baixos do cereal no mercado internacional e a baixa liquidez no mercado doméstico levaram parte dos agricultores goianos a plantar menos milho no verão, transferindo algumas áreas para a soja e deixando para semear milho na safrinha.
A estratégia proporcionou três situações diferenciadas. A primeira foi o aumento de 6,6% na área plantada com soja, que deve chegar a 2,46 milhão de hectares, segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e motivada neste ano pelo plantio precoce da safra. O segundo ponto foi a queda de 16,7% na área total plantada com milho, provocada exatamente pela redução no plantio de verão, que encolheu 33%. A queda foi tão grande que fez a área de milho safrinha ser superior à de verão. Foram 357,1 mil hectares na primeira safra ante os 401,1 mil na segunda.
Com tantas mudanças, o que ficou claro nesta safra foi a consolidação da soja como principal cultura plantada em Goiás. Enquanto a oleaginosa ocupava 60% dos 3,82 milhões de hectares plantados no ciclo 2008/09, no período atual alcança 65% da área plantada no Estado. “Na hora de decidir o que plantar, a soja era mais remuneradora. Isso fez muita gente migrar para a soja e deixar o milho para a safrinha. O problema é que com o passar o tempo os preços da soja também começaram a cair”, afirma Pedro Arantes, assessor econômico da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).
E os preços realmente caíram. Em agosto do ano passado, quando a decisão de plantio estava sendo tomada, a saca valia em Goiás pouco mais de R$ 40,00. Com o plantio concluído, em dezembro, as cotações no Estado já haviam recuado para R$ 37,50 a saca, ou seja, queda mais de 6% em três meses. Hoje, com a colheita bastante adiantada no Estado, o preço médio da saca não atinge R$ 30,00. O resultado é que entre agosto de 2009 e março deste ano, as cotações da soja já recuaram 25% em Goiás.