Redação (04/07/07) – Em consultas a agentes de mercado ao longo de junho, a estatal detectou uma expectativa favorável de produtores e cooperativas com a elevação sustentada das cotações internacionais da soja e a tendência de aumento na área cultivada no país.
Na safra 2006/07, terminada em 30 de junho, o país produziu 58,04 milhões de toneladas (5,5% mais que em 2005/06) em uma área de 20,6 milhões de hectares (9,3% menor), conforme levantamento divulgado ontem pela Conab.
Desanimados com as cotações em 2006, os produtores plantaram menos soja e mais milho. Com isso, a fatia da soja recuou de 44,9% para 44,5% da produção total de 130,51 milhões de toneladas (6,5% acima do ciclo anterior) prevista pela estatal. E a participação do milho saltou de 34,7% para 38,8%, inclusive com a elevação de 6,7% na área plantada, para 13,83 milhões de hectares.
O cenário traçado pela Conab indica que a febre do etanol nos EUA, onde a demanda por milho para a produção de etanol tem reduzido a área plantada com soja, deve garantir aos produtores brasileiros a liderança na produção mundial da oleaginosa até 2010.
"O Brasil tende a ser o maior produtor mundial por causa da forte demanda por etanol de milho nos Estados Unidos", afirmou o diretor de Logística e Gestão Empresarial da Conab, Silvio Porto. A produção local, desde que auxiliada por condições climáticas favoráveis e um pacote tecnológico "razoável", poderia chegar "bem próxima" da safra americana na atual temporada agrícola, segundo ele.
"Os americanos esperam produzir 74 milhões de toneladas e nós, no caso de recuperar a área e aumentar a produtividade, podemos chegar à casa dos 70 milhões ainda nesta safra", previu Silvio Porto. A Argentina, terceira no ranking, deve permanecer com 47 milhões de toneladas.
Nesse cenário, o milho, também com bons preços em função da demanda americana e produtividade ascendente, permaneceria com uma produção em torno de 50 milhões de toneladas e exportações próximas de 7 milhões.
A previsão da Conab aponta uma colheita total de 50,56 milhões de toneladas de milho em 2006/07 – 18,9% acima da safra anterior. Mas os problemas climáticos no Sul do país, como um severo veranico e geadas esparsas, devem comprometer a safra de inverno de milho, estimada em 14,02 milhões de toneladas.
Na avaliação divulgada ontem, a Conab reduziu ligeiramente suas projeções de crescimento da produção global de grãos, fibras e cereais. As causas foram a quebra nas safras de milho (3,6%) e arroz (-6,2%) do Nordeste e de arroz no Rio Grande do Sul (6,6%). Ainda assim, a colheita será o recorde histórico de 130,51 milhões de toneladas. E numa área cultivada 3,9% inferior ao registrado na safra anterior.
O desempenho deriva de um forte aumento de 10,8% na produtividade global das lavouras brasileiras, sobretudo nos três Estados do Sul (16,4%), Bahia (19,5%), Tocantins (14,3%) e Mato Grosso do Sul (16,7%) e Minas Gerais (18,4%).
O décimo levantamento de safra da Conab mostrou avanços mais significativos na produção de trigo (safra 2007/08), que deve saltar 71,8% na comparação com a safra atual, passando de 2,2 milhões para 3,8 milhões de toneladas em razão da retomada da área e da recuperação da produtividade. No milho, a produção saltou de 18,9%, de 42,5 milhões para 50,6 milhões de toneladas; na soja (5,5%), de 55 milhões para 58 milhões de toneladas; e no algodão (36%), de 1,7 milhão para 2,3 milhões de toneladas.
Como conseqüência da substituição de áreas, baixas cotações no mercado e falta de chuvas entre março e abril no Centro-Oeste, houve quebras no arroz (3,5%), que recuou de 11,7 milhões para 11,3 milhões de toneladas, e no total do feijão (3,5%), que caiu de 3,5 milhões para 3,4 milhões de toneladas.