Redação (12/08/2008)- A cultura mais sensível ao aquecimento global é a soja, que tem na Bahia o principal produtor do Nordeste (2,295 milhões de toneladas na safra 2006/07). O grão rendeu R$ 18,4 bilhões em 2006 em todo o Brasil. Segundo a pesquisa, “as simulações mostram que as regiões ao sul do País e as localizadas nos cerrados nordestinos serão fortemente atingidas. No pior cenário as perdas podem chegar a 40% em 2070, em decorrência do aumento da deficiência hídrica e do possível impacto dos veranicos mais intensos”.
Traduzindo em cifrões, as perdas na soja no Brasil podem variar já em 2020, de R$ 3,9 bi a R$ 4,3 bi, em função da redução de até 23,59% de sua área de plantio ocasionado pelo aumento do calor. Em 2070, as projeções indicam prejuízo de até R$ 7,6 bilhões/ano, com redução de 41% da área de plantio. Isso reduziria a área potencial atual de 2,79 milhões de quilômetros quadrados para 1,63 milhão em 2070.
O café vem em seguida com uma redução de área de plantio no País de 33% no cenário mais pessimista, em 2070, com prejuízos estimados de R$ 3 bilhões. A Bahia é o 3° produtor nacional de café. A terceira lavoura mais prejudicada será a do milho (Bahia é 7° produtor), com prejuízo de R$ 1,7 bilhão em 2070 e redução em 17% da área no Brasil.
O algodão (Bahia é 2° produtor nacional) vem em seguida, com déficit de R$ 456 milhões e área reduzida em 16,12%. Já o arroz registrará R$ 600 milhões de perdas, com um enxugamento de 14,19% da área. O feijão (Bahia, 3° produtor nacional) terá perdas de R$ 473 milhões com redução de 13,3% da sua área atual. A lavoura de girassol não teve perdas econômicas avaliadas – o cálculo de redução da área atual é de 18,17%.
As duas lavouras beneficiadas com o aquecimento global, serão a cana-de-açúcar e a mandioca. “A cana gosta de calor”, indica um trecho do relatório, lembrando que luz solar aliada à umidade pode dobrar as áreas propicias ao seu cultivo no Brasil.
Estima-se que a cana (rendeu R$ 17 bi em 2006 no Brasil) chegue anualmente a R$ 20 bilhões em 2070, no pior cenário climático, o A2, com um aumento de 118, 18% da área. A mandioca (Bahia, 2° produtor nacional) também se adapta bem ao calor. O estudo prevê ganho de R$ 929 milhões no Brasil em 2070. A área atual deve aumentar 21,26%. As mudanças climáticas provocarão um redesenho do zoneamento de culturas, e o Nordeste será o mais afetado.