Uma safra de soja recorde, com poucos efeitos do La Niña e em um cenário de preços internacionais em alta. Esse é o ambiente positivo estimado pela Agroconsult para o ciclo 2010/11 no Brasil, que projeta uma colheita de 70,3 milhões de toneladas da oleaginosa. O volume representa um crescimento de 2% em comparação à safra anterior, quando foram colhidas 68,9 milhões de toneladas pelas estimativas da consultoria.
A produção recorde de soja ocorrerá sobre uma área praticamente idêntica à do ano passado. Os 24 milhões de hectares plantados superam em apenas 2% à área da safra 2009/10. Por conta disso, o aumento da oferta se dará com os ganhos de produtividade dos agricultores, previstos pela consultoria em 50 sacas (3.000 quilos) por hectare, na média nacional.
“Essa área poderia ter sido maior. Por conta do clima, muitos produtores optaram por plantar algodão no verão, em áreas que seriam de soja. Além disso, no Sul, a alta dos preços do milho motivou o plantio do cereal, em áreas que estavam separadas para soja também”, diz André Pessôa, diretor da consultoria.
Para a safra de milho, a expectativa é de uma produção de 32,6 milhões de toneladas na primeira safra e mais 23,1 milhões na segunda. Em ambos os casos, os números são inferiores à safra 2009/10, mas Pessôa, não descarta a possibilidade de a safra de verão chegar ao mesmos 34 milhões de toneladas do ciclo anterior.
“Podemos ter uma surpresa com o milho. Apesar de ainda ser menor, as primeiras estimativas eram para uma colheita ainda menor”, diz o analista. Ele lembra que nos últimos três anos o padrão das lavouras de milho mudou no país, fato que coincide com a liberação comercial os primeiros híbridos transgênicos.
O consultor minimizou a possibilidade de perdas representativas para o milho a partir do atual momento de desenvolvimento das lavouras. No caso da soja, no entanto, a situação ainda requer cautela, principalmente pela possibilidade de as chuvas se estenderem e atrapalharem a colheita. Para tentar limitar essas perdas, Pessôa lembra que os produtores investiram na renovação de maquinários para permitir a colheita nas chamadas “janelas” de sol.
Tanto para a soja e o milho, como também para o algodão, as estimativas da Agroconsult superam os últimos números divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e também pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) -. No caso da soja, os números da consultoria superam em 2,6% a estimativa da Conab e em 4,1% o USDA. Já no milho, a previsão é 5,7% superior que o último dado da Conab e 9,2% acima do USDA. Para o algodão, a estimativa da consultoria está 6,6% acima da estatal brasileira e 9,6% além do ministério americano.