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Soja em alta

Com preços em alta, Brasil entra na fase de plantio com 18 milhões de toneladas da safra de soja comprometida.

Soja em alta

O plantio da nova safra mal começou e um quarto da produção brasileira já foi vendido. Das quase 70 milhões de toneladas previstas para a temporada 2010/11, cerca de 18 milhões estão comprometidas, revela levantamento AgRural divulgado ontem (04/10). Conforme a consultoria, 26% da safra brasileira já têm proteção de preço, contra 18% em agosto e 11% em setembro de 2009. É o segundo maior índice para setembro da série histórica da empresa, atrás apenas da safra 2007/08.

“A liquidez do mercado é impressionante. Pelo segundo mês consecutivo, a comercialização andou a passos largos em boa parte das regiões produtoras do país. Os compradores não se retraíram diante dos preços altos. Somente em setembro, 5,6 milhões de toneladas de soja da safra futura foram negociados no Brasil”, relata o analista da Eduardo Godoi.

“O mercado se aqueceu bastante no último mês. O produtor brasileiro aproveitou para fazer negócio na segunda quinzena de setembro, quando a soja alcançou US$ 11 por bushel (27,4 quilos) em Chicago”, confirma Aedson Pereira, analista da AgraFNP. O levantamento mais rescente da consultoria, referente a agosto, indica que 21,5% da produção foram vendidos, o equivalente 14,4 milhões de toneladas. O índice é superior ao apurado pela Agra FNP nesse mesmo mês de 2009, quando 14,6% da safra estavam comprometidos.

Em levantamento concluído em meados de setembro, a Safras&Mercado calcula que 18% da produção foram vendidos, contra 12% no ano passado e 14% na média dos último cinco anos. as vendas deslancharam na última quinzena do mês passado, estimuladas pela escalada dos preços internacionais, e devem continuar aquecidas nos próximos meses, prevê a consultoria.

Até o início do ano que vem, a soja deve oscilar entre US$ 9,50 e US$ 11/bushel na Bolsa de Chicago, conforme os analistas. O preço – algo entre US$ 22 e US$ 24 por saca de 60 quilos – é considerado satisfatório pelos produtores brasileiros. A única preocupação, pondera Aedson Pereira, é o câmbio. “A safra foi plantada com o dólar a R$ 1,70, R$ 1,75. Continuar caindo até a colheita pode complicar a rentabilidade do produtor.” Fazer média de preço e travar custos é especialmente importante em anos de risco climático, observa o analista.

Para Eduardo Godoi, o fato do interesse comprador manter-se forte mesmo diante dos preços atuais – cerca de 26% superiores aos praticados durante a colheita da última safra – não sugere que as cotações continuarão em alta no ciclo 2010/11. Indica apenas que há pouca soja no mercado disponível atualmente. “Faz três anos que o Brasil entra no segundo semestre com estoques muito baixos. As tradings estão fazendo as contas e estão percebendo que comprando antecipadamente pagam prêmios menores do que pagariam no mercado spot no ano que vem”, explica.

No Porto de Paranaguá, o mercado exportador oferece hoje um adicional de cerca de US$ 1,50 por bushel sobre o preço de Chicago. Para a soja a ser entregue em maio de 2011, esse bônus cai para menos de US$ 0,50.

A tendência, concordam os três analistas, é que a cotação da soja mantenha-se sustentada no decorrer da temporada. Com os estoques mundiais apertados, o mercado é comprador e deve continuar firme até que o risco de quebra de Brasil e Argentina seja descartado e enquanto a demanda chinesa continuar robusta.