Da Redação 05/01/2004 – 06h00 – Os produtores rurais prevêem mais um período bom para a soja, com perspectivas de que seja o quarto ano consecutivo de bons preços. A demanda continua firme, sobretudo por parte da China. Além disso, após a descoberta do primeiro caso da doença da “vaca louca” nos Estados Unidos, a tendência é que haja aumento da procura por proteína vegetal, utilizada em substituição à animal na ração de bovinos, aves e suínos.
Segundo projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), feita antes da descoberta do mal da “vaca louca” no país, o preço médio da soja na Bolsa de Chicago seria cerca de 18% maior na comparação com 2003, ficando entre 605 e 695 centavos de dólar por bushel (US$ 13,33 a US$ 15,32 por saca de 60 quilos). “O Usda vai revisar os preços para cima no próximo relatório”, afirma um trader.
Quem apostou na soja em 2003 não teve do que reclamar. O melhor investimento do ano foi a Bolsa, com uma alta acumulada de 97%, mas o segundo posto foi ocupado pela soja com valorização de 40,5%. Enquanto isso, algumas aplicações deram prejuízo, como a moeda norte-americana (-18,2%), os fundos cambiais (-12,3%) e o ouro (-0,8%), e outras tiveram rentabilidade inferior à da oleaginosa, como a poupança, que rendeu 11,1%, e o Índice Dow Jones, que agrupa as ações das empresas mais negociadas na Bolsa de Nova York, que subiu 25% no ano passado.
Com aumento de mais de 40%, a soja teve ganho real em relação à inflação de 8,7% medida pelo IGP-M. “Valeu mais a pena ter soja no armazém do que dinheiro no banco”, diz Renato Sayeg, diretor da Tetras Corretora.
A estimativa é que os agricultores tenham plantado 21 milhões de hectares em 2003/04, uma área 14% maior que a cultivada na safra anterior. A colheita poderá chegar a 60 milhões de toneladas de soja, o que representa aumento de 7% em relação à atual.
Com um custo de produção estimado em US$ 5 por saca e uma projeção de preço médio para 2004 de US$ 10, a atividade rural continuará a ser muito lucrativa.