O cultivo de sementes de soja geneticamente modificadas deve atingir 80% da área plantada na safra 2010/2011, que representa um aumento de sete pontos percentuais em relação aos 73% registrados no ciclo anterior, quando foram plantados 23 milhões de hectares, de acordo com estimativa da Monsanto. O número foi apresentado nesta terça, 24, pelo diretor comercial da multinacional, Antonio Smith, durante encontro com a imprensa, realizado na sede da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), em São Paulo.
“Como no Rio Grande do Sul, quase 100% dos produtores já usam a tecnologia, a expansão deve ocorrer no cerrado”, afirmou Smith. Nos Estados Unidos, os transgênicos correspondem a 90% da produção da oleaginosa e na Argentina o porcentual é de quase 100%.
A companhia também trabalha com uma perspectiva positiva para o primeiro evento transgênico BtRR2Y, aprovado na última quinta-feira, 19, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Trata-se da primeira tecnologia desenvolvida para um mercado fora dos Estados Unidos, que demandou investimentos de US$ 100 milhões. Com a nova tecnologia, as plantas serão resistentes a três tipos de lagartas que provocam perda de rendimento das lavouras. Smith explica que estas pragas são mais comuns em países de clima tropical como o Brasil.
“Não há registros nos Estados Unidos e ocorrem em nível muito baixo na Argentina”, afirma. “A outra vantagem da nova semente, é que a produtividade pode ser de 5% a 10% maior se comparadas às variedades já cultivadas no Brasil”.
A medida foi publicada nessa segunda, 23, pelo Diário Oficial da União (DOU). A partir desta data, haverá um período de 30 dias para possíveis questionamentos à decisão tomada pela CTNBio. Se houver algum pedido de revisão, a decisão sobre a aprovação da tecnologia BtRR2Y passa para o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), conhecido como Conselhão, por incluir representantes de 11 ministérios. Somente após a aprovação final é que a companhia terá permissão para reproduzir a semente em escala comercial. Com isso, o produto deve estar disponível para a safra 2013/2014, explica o diretor comercial da Monsanto.
Para o executivo, o grande desafio do setor agroquímico agora será oferecer aos produtores sistemas de manejo que sejam eficientes no combate das plantas que desenvolveram resistência ao herbicida glifosato.
“Demorou quase 30 anos, desde o desenvolvimento dos organismos geneticamente modificados (OGMs), para surgirem as primeiras plantas resistentes”, calcula o executivo.
No Brasil, os primeiros sinais de ervas daninhas resistentes surgiram há cinco anos no Rio Grande do Sul. Entre estas estão, a buva, o azevém e o capim amargoso. Também há registros nos Estados do Sul, no sul de Mato Grosso do Sul e noroeste de São Paulo, próximo da divisa com Minas Gerais. Segundo ele, a recomendação é que os produtores façam a rotação de princípios ativos nas plantações. Ou seja, alternar o uso de herbicidas, em vez de usar apenas o glifosato.
“A Monsanto também já está trabalhando na pesquisa de eventos de tolerância a outros herbicidas, para combater ervas de folhas largas, como a buva”, afirma Smith.