Redação (10/04/06)- Livre de doenças que têm causado sérios prejuízos aos segmentos de carne bovina e de frango em Mato Grosso do Sul como a febre aftosa e a gripe das aves , o complexo soja (grão, farelo e óleo) mantém em 2006 praticamente o mesmo nível das exportações registradas em anos anteriores. Para não dizer que o setor só tem viajado sobre águas calmas, a desvalorização do dólar frente ao real é, por enquanto, um dos poucos problemas que o produto enfrenta.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) obtidos pelo Correio do Estado mostram que as exportações de soja em março alcançaram um dos melhores resultados dos últimos anos. Os embarques totalizaram US$ 48,7 milhões valor dez vezes maior que o de fevereiro e quase metade dos US$ 98,5 milhões exportados no mês passado. O ótimo desempenho do produto fez com que as exportações estaduais voltassem a atingir cifras semelhantes às de 2005, quando foi registrado o recorde de R$ 1,149 bilhão nos 12 meses.
No entanto, os exportadores do Estado têm um grande desafio pela frente. Com um início de ano bastante ruim o valor em janeiro e fevereiro somou somente US$ 94 milhões , os embarques em 2006 só vão conseguir superar ou igualar-se aos de 2005, se a partir de abril a média mensal exportada for de US$ 106 milhões. Além da soja, os embarques de frango também contribuíram para o bom resultado das exportações sul-mato-grossenses em março.
O faturamento dos avicultores cresceu 55,5% sobre fevereiro, saltando de US$ 6,6 milhões para US$ 10,2 milhões volume negociado parecido com o obtido antes do aparecimento de casos de gripe aviária em alguns países. A crise atingiu fortemente o setor no Estado. Sem ter para quem exportar, a Avipal, por exemplo, fechou suas portas por tempo indeterminado. O problema, somado à aftosa, causou a queda das exportações, que dependem basicamente do agronegócio para se sustentar.
De acordo com os dados da Secex, em março os minérios de ferro seguraram a terceira colocação na pauta das exportações sul-mato-grossenses situação alcançada desde a confirmação do foco de aftosa em Mato Grosso do Sul. Os embarques de minérios aumentaram 58,2% sobre fevereiro, atingindo US$ 8,8 milhões mais que o dobro do faturamento dos pecuaristas, que foi de apenas US$ 4,3 milhões naquele mês, contra US$ 3,6 milhões em fevereiro.
Déficit em alta
No acumulado de janeiro a março, as posições se mantêm. Os embarques de farelo, grão e óleo de soja somam US$ 67,2 milhões, o equivalente a 35% do total exportado no período pelo Estado. Apesar da crise, as exportações de frango totalizam US$ 27,4 milhões, seguidas das de minérios, com US$ 20,8 milhões entre janeiro e março. A carne bovina aparece com inexpressivos US$ 12,1 milhões exportados este ano. O recuo nas vendas para o exterior começou a se dar a partir de outubro do ano passado.
A balança comercial sul-mato-grossense diferença entre o valor das exportações e o das importações mantém sua trajetória de déficit. Esse resultado, porém, traz benefícios ao Estado em razão do ICMS arrecadado sobre a importação do gás da Bolívia. O produto responde por mais de dois terços de tudo o que Mato Grosso do Sul compra lá fora. Em março, as importações somaram US$ 132,4 milhões, causando saldo negativo de US$ 33,8 milhões. No ano, o déficit é de US$ 189,5 milhões.