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Soja irrigada é abandonada

<p>A migração de cultura foi a forma encontrada pelos agricultores para cumprir a determinação do MAPA, que proíbe o cultivo de soja sob pivô central (sistema de irrigação).</p>

Redação (29/08/06)- O plantio de soja irrigada artificialmente em Primavera do Leste (123 quilômetros de Rondonópolis) foi totalmente substituído pelo cultivo de outras lavouras como feijão, milho, arroz e trigo, conforme levantamento divulgado ontem pela Globalsat, empresa especializada em monitoramento agrícola. A migração de cultura foi a forma encontrada pelos agricultores para cumprir a determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que proíbe o cultivo de soja sob pivô central (sistema de irrigação) entre os dias 1 de julho e 1 de outubro na região Sul do Mato Grosso.

A medida visa reduzir a incidência da ferrugem asiática, uma vez que há maior ocorrência da doença em regiões próximas às áreas onde foi cultivada soja no período de inverno. De acordo com o levantamento da Globalsat, feito em agosto do ano passado, os produtores rurais do município cultivaram 3,727 mil hectares (ha) da oleaginosa. Além disso, foram plantados 1,18 mil/ha de algodão, 3,56 mil/ha de feijão, 306/ha de girassol e 229/ha de milho. O monitoramento realizado este mês, aponta que a área de soja foi extinta.

Paralelamente a isto, a área cultivada com milho saltou 406,55% no período, passando para 1,16 mil/ha. Expansão semelhante ocorreu com o feijão, cuja área aumentou 16,09%, atingindo 4,13 mil/ha nesta safra. Houve ainda a introdução de novas culturas, como é o caso do trigo, que agora ocupa uma área de 304 hectares. O arroz e o milheto também surgiram como alternativas. Atualmente, as duas lavouras ocupam 272 e 78 hectares, respectivamente.

Existe ainda uma porção de 3,09 mil/ha onde o solo está exposto, sem nenhum cultivo. Em outros 318/ha os agricultores optaram por fazer o pousio, técnica em que a lavoura é interrompida para que a terra fique mais fértil. Há também uma área de 1,43 mil/ha no município que não foram monitorados, contra uma área de 171 hectares onde não foi possível fazer o levantamento no ano passado.

O diretor técnico da Globalsat, Leandro Fabiani, explica que são extensões com informações via satélite, mas onde não foi possível aos técnicos da empresa fazer a confirmação dos dados a campo.

Apesar de disponibilizar apenas informações referentes à cidade de Primavera do Leste, Fabiani destaca que a empresa possui informações sobre os principais municípios pólo do Estado. Os dados indicam que não existem traços do plantio de soja irrigada em nenhuma das regiões monitoradas. Para ele, o resultado do trabalho aponta chances de menor proliferação da ferrugem asiática na safra 2006/2007. Tudo vai depender das condições climáticas, mas a probabilidade é de menor ocorrência da ferrugem porque os agricultores não estão criando um ambiente favorável para a multiplicação do fungo, frisa.

O presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, José Nardes, acredita que o fim do plantio de soja irrigada deverá retardar a ocorrência do primeiro foco da doença. Ele acredita ainda, que com a medida será possível reduzir de uma a duas aplicações de fungicidas. Ele lembra que na safra atual (05/06) os sojicultores do município fizeram cerca de quatro pulverizações. Nesta safra a previsão é que sejam necessárias de duas a três aplicações, apenas. Além de não plantar soja no inverno estamos recomendando aos agricultores usarem variedades precoces, ressalta.

Ele lembra que no ano passado houve uma recomendação do Mapa para que os produtores rurais evitassem o plantio de soja irrigada no período da entressafra da oleaginosa. Porém, somente este ano o vazio sanitário passou a ser obrigatório. Segundo ele, a portaria que proíbe o plantio vale por um ano, para que seja possível avaliar os resultados de não se plantar no inverno. Se o ataque da ferrugem for menor a proibição continuará nas próximas safras, diz. 

Documento será protocolado esta semana 
A Globalsat, empresa de monitoramento agrícola, não protocolou ontem no Ministério Público Estadual (MPE) o pedido de análise técnica comparativa entre os dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea/MT) e os relatórios sobre a destruição das soqueiras de algodão na safra 04/05 elaborados pela empresa. O diretor técnico da Globalsat, Leandro Fabiani, destaca que não sabe os motivos pelos quais não foi dada entrada no pedido, uma vez que o texto que será encaminhado ao MPE está com a assessoria jurídica da empresa.

Ele garante, porém, que até o fim desta semana a Globalsat vai solicitar, via MPE, uma reunião para que seja feita a comparação entre as informações referentes ao monitoramento feito pelas duas partes. Levantamento feito pela Globalsat aponta que somente na região Sul de Mato Grosso quase 40% da área plantada com algodão não teve as soqueiras destruídas na safra passada (04/05), o que equivale a 74 mil hectares. Já os números do Indea apontam que em todo Estado foram encontradas irregularidades em uma área de 675,8 hectares.