Com quase a totalidade da safra de verão colhida na região, 95%, os preços médios das duas principais culturas do Estado, soja e milho, não estão nada animadores. A oleaginosa mantém hoje em Campo Mourão, valores 32,5% mais baixos do que os praticados no mesmo período do ano passado, cotada entre R$ 29,00 e R$ 30,00 a saca de 60 quilos, ante os R$ 43,00 verificados no ano passado. Embora os custos de produção tenham sido mais baixos, a redução de preço limitou essa vantagem. A situação do milho é ainda pior.
A grande preocupação dos agricultores mourãenses é que além do atual preço, abaixo do esperado, a expectativa não é de melhora no mercado. Para a safra 2010/11, já se prevê uma supersafra mundial da soja. Com uma maior oferta, a tendência é que os preços se mantenham em baixa.
Estimativas
Apesar do pessimismo em relação ao preço, o clima ajudou e os agricultores devem colher mais. O rendimento da produção de soja aqui na região, segundo estimativa do Núcleo Regional da Secretaria de Estado da Agricultura (SEAB), é de 877 quilos a mais por hectare. São 3.200 Kg/ha contra 2.323 Kg/ha colhidos no ano passado. A área também aumentou. No ano passado eram 575 mil hectares, este ano são 591.350,00 hectares. A safra 2008/2009 foi prejudicada pela seca no sul do País, condição climática diversa a enfrentada em 2010, que foi um ano chuvoso na região.
Com os preços mais baixos do milho, muitos produtores optaram pela soja para cobrir os custos de produção, o que reduziu a área plantada quase pela metade. No ano passado, segundo a SEAB, a cultura cobria 48.750 hectares, este ano, apenas 25.825 hectares. Apesar desses números, o rendimento cresceu. No ano passado, cada hectare produzia 5.800 Kg. Agora a estimativa é de 8.000 a 9.000 Kg/ha.
Segundo a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), este ano, a comercialização deve ocorrer de forma mais lenta. Uma vez que a produção é maior e os preços estão menores ela deve ocorrer ao longo do ano. Eles acreditam que com o preço baixo, o agricultor está segurando a produção.
Custos
Este ano, os custos de produção, apesar de ainda se manterem elevados, apresentaram queda. Em fevereiro de 2009, segundo levantamento da Seab, os custos variáveis ficavam em torno de R$ 28,00 por saca de soja. Sem levar em conta a depreciação dos equipamentos, custos de mão de obra, seguro e correção dos solos. Acrescidos estes itens, o valor ultrapassava R$ 40,00 por saca. Em fevereiro deste ano, os custos variáveis ficam próximos a R$ 25,00. Acrescidos os custos fixos, para produzir uma saca, o agricultor gasta aproximadamente R$36,00. A saca está sendo vendida a R$ 30,00.
Nacional
Hoje, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, fará o anuncio do 7º levantamento da safra nacional de grãos. Para a realização da pesquisa, técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foram a campo entre os dias 15 e 26 de março. O levantamento aponta que, até o período, cerca de 50% dos grãos já foram colhidos. Na região de Campo Mourão, 95% já foram colhidos.