Da Redação 23/05/2005 – Foi considerada satisfatória por analistas a estréia dos contratos futuros de soja sul-americana na bolsa de Chicago. Ainda que o volume de contratos negociados tenha sido muito menor que o movimento com papéis de soja americana – algumas centenas contra mais de 30 mil -, tradings mostraram interesse pelos novos contratos, mesmo que eles tenham encerrado o pregão abaixo do patamar inicial de negociações.
Dave Lehman, diretor de commodities da Chicago Board of Trade, está entre os que consideraram o “debut” bem-sucedido. Segundo ele, houve negócios em todas as posições. Lehman afirmou que os chamados “locals” estiveram no mercado. Tradings exportadoras de soja do Brasil e importadores de Europa e Ásia também negociaram os novos contratos, de acordo com informações do diretor da CBOT.
Quando questionado sobre o fato de alguns players no mercado brasileiro terem poucas informações sobre o novo contrato, o que pode limitar a demanda, Lehman adiantou ao Valor que a bolsa fará um trabalho para divulgar e explicar o papel e, assim, atrair outros participantes.
Ele reafirmou que a opção por entregas em Paranaguá e Santos se deu porque os dois portos movimentam os maiores volumes de soja. “Se o mercado mostrar que é necessário um outro porto, podemos considerar essa opção”, afirmou, reconhecendo que a escolha poderia ser Rio Grande.
Na sexta-feira, a maior movimentação de contratos de soja sul-americana envolveu os contratos com vencimento em julho, que abriram o pregão a US$ 6,48 por bushel e fecharam a US$ 6,41. Já os papéis de soja americana para entrega também em julho encerraram a sessão a US$ 6,32, em alta de 2,75 centavos de dólar por bushel.
Antonio Sartori, da Brasoja, explica que o valor mais elevado da soja sul-americana pode ser considerado normal, uma vez que esses contratos tratam do grão disponível já nos portos – Paranaguá ou Santos -, enquanto os da soja americana envolvem o grão disponível na cidade de Chicago. No primeiro caso, portanto, já estão embutidos os custos de transporte até a porta de saída para a exportação, enquanto no segundo esses custos virão depois. A referência tem de ser o custo até portos no Sul dos EUA, que concorrem diretamente com a soja produzida nos países da América do Sul.