Da Redação 26/08/2003 – A maior liquidez da soja diante de outras culturas pode levar a uma inversão de intenção de plantio no próximo ano. Tudo porque os produtores estão optando cada vez mais pela soja como cultura de verão e deixando o milho para a segunda safra, colhida do inverno. O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento já estima uma redução de 8% na área destinada ao milho para a safra de verão.
“Os produtores, principalmente os mais mecanizados, estão migrando para a soja como cultura de verão”, afirma o engenheiro agrônomo do Deral, Richardson de Souza. “Acredito que a partir do ano que vem vamos ter que parar de chamar a safra de milho colhida agora de “safrinha”. A soja está tomando conta de praticamente toda a área de cultivo”, diz.
O Deral estima uma safra de 5,1 milhões de toneladas de milho para este inverno. Até agora, 70% da área de 1,33 milhão de hectares destinada à cultura já foi colhida. No verão, a produção é bem maior. Chegou a 8,2 milhões de toneladas, em 1,47 milhão de hectares. “Isso acontece porque no inverno a produtividade cai um pouco”, comenta. Com a redução de 8% prevista para a próxima safra na cultura do milho, deverá acontecer uma inversão. “Devemos ter mais milho sendo colhido no inverno do que no verão”, afirma Souza.
O Deral já trabalha com um aumento na área de cultivo de soja para a safra de verão 2004. A previsão é de um plantio de 3,8 milhões de hectares, 5,4% a mais do que este ano.
RISCO – Se a inversão prevista pelo Deral realmente se confirmar, o abastecimento de milho ao mercado, no segundo semestre, vai estar na corda bamba. É que a instabilidade climática do inverno pode atrapalhar a produção. “É uma cultura de risco. O problema não são só as geadas, comuns a esta época do ano. Uma seca, por exemplo, poderia comprometer a produção”, explica o engenheiro. “Esta é a nossa grande preocupação. Como a soja dá mais liqüidez, o produtor fica sem opção e acaba apostando no plantio do safrinha”, diz. Segundo ele, o abastecimento nacional, no segundo semestre, depende muito da safra paranaense. “Se ocorrer uma quebra de produção, o abastecimento poderá ficar comprometido”, completa.
GEADA – A queda da temperatura verificada em todo o Estado desde domingo não preocupa a cultura do milho. De acordo com o engenheiro do Deral, todas as lavouras do Paraná já encontram-se em fase de maturação. Se ocorrer uma geada, o produto não será prejudicado. O contrário acontece com o trigo, outra importante cultura de inverno. No Sul e Centro-sul do Estado, o trigo está em fase uma fase mais suscetível a geadas.
O Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) prevê geadas para todo o Estado hoje. No Norte, a previsão é de geadas fracas, nas baixadas. Apenas nas regiões Oeste, Sul e Centro elas devem ser mais forte. A região Sudeste e Metropolitana de Curitiba deverá registrar geadas moderadas. A temperatura mínima para Londrina hoje deve ficar na casa dos 5C, e máxima, de 18C. A partir de amanhã, as temperaturas sobem um pouco.