A safra 2023/24 de soja no Brasil pode marcar o fim de uma série de anos lucrativos para a maioria dos produtores da oleaginosa, de acordo com uma análise recente da DATAGRO Grãos.
Apesar de uma diminuição nos custos de produção, a queda significativa nos preços da soja ameaça a rentabilidade do setor. “A lucratividade dos sojicultores estará, em grande parte, condicionada ao sucesso na produtividade das lavouras, que enfrentam desafios climáticos severos, incluindo o impacto de um El Niño de forte intensidade”, afirma Flávio Roberto de França Junior, economista e chefe de conteúdo da DATAGRO Grãos.
A consultoria ajustou a expectativa de produtividade média para a safra atual para 3.233 kg/ha, um decréscimo em relação aos 3.592 kg/ha previstos inicialmente. Esse ajuste indica um rendimento 10% inferior ao recorde de 3.589 kg/ha registrado na safra anterior de 2022/23. França Junior destaca que, se confirmada, essa redução na produtividade colocará em risco a continuidade da rentabilidade do cultivo de soja no país.
Além dos desafios climáticos, os produtores enfrentam uma retração nos custos operacionais de produção, embora essa diminuição venha após altas consideráveis nos anos anteriores. “Enquanto os gastos com insumos apresentam uma leve queda, os custos fixos continuam a crescer, adicionando pressão sobre os rendimentos”, diz o especialista.
Quanto à receita, os principais fatores que a influenciam – preços na Bolsa de Chicago, prêmios de exportação e taxa de câmbio – indicam uma tendência de preços domésticos abaixo dos altos patamares observados nos últimos anos.
França Junior adverte que, após 17 anos de resultados majoritariamente positivos, a safra 2023/24 apresenta um cenário menos otimista, com produtores precisando de uma produtividade acima da média para alcançar lucratividade.
“Esta temporada desafia a tendência de ganhos contínuos dos sojicultores brasileiros, exigindo uma adaptação às novas condições de mercado e climáticas para manter a rentabilidade”, conclui França Junior. O cenário para a soja no Brasil reflete as complexidades do mercado agrícola global, impactado por fatores ambientais e econômicos.