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Nutrição

Substituição de insumos

Veja conclusão de estudo que substituiu o milho por sorgo em rações para frango de corte.

Ingrid Dias Trinco², Antoniel Pospissil Gonçalves Franco¹, Bruna Maria Remonato¹, Sebastião Gonçalves Franco3

1. Aluno de graduação da UFPR, Curitiba-Pr. Email: [email protected]
2. Aluno do Programa de Pós-Graduação da UFPR, Curitiba-Pr
3. Professor adjunto do departamento de zootecnia da UFPR, Curitiba-Pr. Email:
[email protected]

Resumo: O presente experimento foi realizado com a finalidade de avaliar os efeitos da utilização de sorgo em substituição ao milho, suplementados ou não com enzimas exógenas, sobre o desempenho zootécnico em frangos de corte. Foram utilizados 800 pintos de um dia, machos, da linhagem Cobb. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com dez tratamentos e quatro repetições de 20 aves cada. Os resultados demonstraram que o sorgo não exerceu nenhum efeito negativo sobre o desempenho zootécnico nos dois períodos de criação e rendimento de carcaça e dos cortes comerciais das aves aos 42 dias de idade. A análise de variância demonstrou que não houve efeito (P>0,05) da suplementação enzimática das dietas sobre o desempenho das aves.

Introdução
Um dos grandes substitutos do milho pode ser o sorgo, pois possui características muito parecidas na questão nutricional, mas sua demanda é muito menor, pois não é utilizado amplamente como o milho e por sua vez seu preço se torna muito atrativo. No sorgo o endosperma onde se encontra o amido é formado por uma região densa e resistente à penetração de água e enzimas e é circundado por uma camada de células grossas que se denomina aleurona, que por sua vez é envolta pelo pericarpo, também constituído por várias camadas de células dispostas de forma a proteger o grão e as paredes celulares do pericarpo. (BORGES, 1997). Aleurona e endosperma contem celulose, polissacarídeos não amiláceo, compostos fenólicos, pectinas e proteínas, as quais são hidrolisadas pelas aves (BEDFORD, (1991).
Com o objetivo de complementar as enzimas que não são produzidas pelos animais em
quantidades suficientes ou não são sintetizadas por eles, como é o caso das celulases, enzimas exógenas tem sido incorporadas aos alimentos com o objetivo de melhorar a digestibilidade e o aproveitamento dos nutrientes.
Por tudo isto, o objetivo deste trabalho foi o de avaliar os efeitos da substituição do milho
pelo sorgo, bem como, verificar os benefícios da suplementação enzimática sobre o desempenho de frangos de corte.

Material e métodos
O experimento foi realizado no Centro de Estações Experimentais do Setor de Ciências Agrárias da UFPr, utilizando 800 pintainhos machos, Cobb, provenientes de matrizes com 37 semanas de idade.
Foram utilizadas 2 fases de alimentação, inicial de 1 – 21 dias e crescimento/final, de 22 a 42 dias de idade e as rações utilizadas constituíram-se basicamente por uma mistura de farelo de soja, milho e sorgo moídos, suplementados com vitaminas e minerais, calculados através dos níveis mínimos exigidos e valores nutricionais de acordo com ROSTAGNO et al., (2000). Tab.1
O complexo multienzimático Allzyme Vegpro ®, em forma liquida, foi utilizado na quantidade de 500 ml/ton. de ração, de acordo com a indicação do fabricante.
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 x 5 (com e sem adição de enzimas x níveis de substituição do milho pelo sorgo), com 10 tratamentos e quatro repetições de 20 aves cada. Tab.2
O experimento foi analisado através dos quadrados mínimos, sendo utilizado o programa computacional SAEG – Sistema para Análise Estatística e Genéticas (EUCLIDES, 1982), utilizando-se para tal o seguinte modelo matemático:
Yijk = u + Si + Ej + (SE)ij + eijk, onde:
Yijk = representa o valor de k onde observando a variável y, do nível de substituição do milho pelo sorgo i, do nível de enzima digestiva j;
U = média teórica da variável Yijk;
Si = efeito do i-ésimo nível de substituição do sorgo pelo milho, i = (1a 5);
Seij = efeito da interação nível de substituição do milho pelo sorgo i e o da enzima digestiva j;
Eijk = erro aleatório eijk
As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%.
Os parâmetros foram avaliados semanalmente e por fases (1 a 7, 8 a 21, 22 a 42, 1 a 21 dias e de 1 a 42 dias de idade quando se analisou os resultados referentes ao ganho de peso (GP), consumo de ração (CMR), conversão alimentar (CA) e rendimento de carcaça.

Resultados e Discussão
A inclusão de sorgo em diferentes níveis de substituição ao milho não causou alteração no ganho de peso das aves (p≥0,05). Em todo o período experimental nenhuma resposta foi observada com adição de enzimas, resultados também obtidos por MORAIS (1999) e FIGUEIREDO et al., (1998).
Quando analisados os dados relacionados ao rendimento de carcaça, pode se concluir que também não houve efeito negativo da substituição do milho por sorgo até o nível de 100%, porém o uso de corantes naturais ou sintéticos é indicado para melhorar a aparência da carcaça, principalmente para mercados que demandam por carcaças mais pigmentadas, uma vez que os grãos de sorgo são desprovidos de pigmentos carotenóides. As médias dos resultados obtidos encontram-se nas tabelas 1 e 2.

Conclusão
Concluiu-se que o sorgo pode substituir o milho em dietas avícolas sem causar impacto sobre o desempenho dos animais nas diferentes fases de criação.
A opção pelo uso do sorgo nas dietas avícolas depende da disponibilidade do grão no mercado e do preço em relação ao milho. O uso do complexo enzimático no nível utilizado não mostrou resultados que justifiquem a sua utilização em dietas de sorgo.

Tabela 1. Efeito da substituição do milho pelo sorgo e da suplementação de enzima sobre o desempenho dos frangos de corte aos 21 dias de idade

Sorgo (%)

                                        0                          25                    50                    75                100                      Média

GP (g)

S.E.                                  0,811                   0,798               0,799               0,797           0,805                   0,802

C.E.                                  0,802                   0,796               0,788               0,813           0,803                   0,800

CMR (g)

S.E.                                  1.186                   1,168               1,162               1,186           1,185                   1,177

C.E.                                  1,163                   1,178               1,176               1,182           1,197                   1,179

C.A.

S.E.                                  1,46                     1,46                 1,45                 1,49             1,47                     1,47

C.E.                                  1,45                     1,48                 1,49                 1,45             1,49                     1,47

S.E (sem enzima), C.E (com enzima), PM (peso médio), CMR (consumo médio de ração), CA (conversão alimentar).

Médias seguidas de letras iguais na mesma coluna não diferem entre si (P>0,05) pelo teste de Tukey.

Tabela 2. Efeito da substituição do milho pelo sorgo e da suplementação de enzimas sobre o desempenho e rendimento de carcaça dos frangos de corte aos 42 dias de idade

Sorgo (%)

                                        0                          25                    50                    75                100                      Média

GP (g)

S.E.                                  2,658                   2,666               2,675               2,601           2,680                   2,656

C.E.                                  2,692                   2,699               2,672               2,636           2,639                   2,688

CMR (g)

S.E.                                  4,620                   4,493               4,502               4,523           4,586                   4,545

C.E.                                  4,592                   4,587               4,508               4,495           4,525                   4,540

C.A.

S.E.                                  1,74                     1,68                 1,68                 1,74             1,71                     1,71

C.E.                                  1,71                     1,70                 1,69                 1,71             1,71                     1,70

RC (%)

S.E.                                  83,26                   82,75               82,31               80,97           81,84                   82,23

C.E.                                  82,61                   81,68               82,77               81,78           81,86                   82,14

% Gordura

S.E.                                  1,08                     1,04                 1,02                 1,21             1,30                     1,13

C.E.                                  1,10                     1,09                 1,15                 1,22             1,32                     1,17

S.E (sem enzima), C.E (com enzima), PM (peso médio), CMR (consumo médio de ração), CA (conversão alimentar), RC (rendimento de carcaça). Médias seguidas de letras iguais na mesma coluna, não diferem entre si (P>0,05) pelo teste de Tukey.

Referências Bibliográficas
BEDFORD, M. Restriciones digestivas de los ingredientes alimentários e oportunidades teóricas
para a suplementação de enzimas. In: SEMINÁRIO SOBRE EL EMPLEO DE ENZIMAS EN LA NUTRICION ANIMAL, 1991, Madrid. Anais… Madrid, 1991. p. 15.
BORGES, F. M. O. Utilização de enzimas em dietas avícolas. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, Belo Horizonte, n. 20, p. 5-30, 1997.
EUCLIDES, R. F. Manual de utilização do programa SAEG (Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas). Viçosa: UFV, 1982. 59p.
FIGUEIREDO, A. N. et al. Efeito da adição de enzimas em dietas à base de milho e tipos de soja sobre o desempenho de frangos de corte. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLA, 1998. Anais… Campinas, 1998.
MORAIS, E. Efeitos da substituição do milho pelo sorgo, com adição de enzimas digestivas, sobre a performance de frangos de corte. Curitiba, 1999. 40f. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) – Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná.
ROSTAGNO, H. S. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. Viçosa: UFV, 2000. 141p.