Da Redação 11/07/2003 – O Ministério da Agricultura anunciou ontem (10) que a safra 2002/2003 baterá um novo recorde, alcançando a produção de 120,1 milhões de toneladas de grãos. Ao divulgar essa estimativa, o ministro Roberto Rodrigues disse que o governo está atento a uma possível “crise de abundância” e que pretende assegurar a renda dos produtores, para que não venham a reduzir a próxima safra.
A estimativa da atual safra foi feita pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e resulta do quinto e penúltimo levantamento feito com produtores rurais de todo o país. O sexto levantamento deverá ser divulgado em outubro, junto com a intenção de plantio da safra 2003/2004.
A estimativa anterior, divulgada em abril, era de 115 milhões de toneladas. Segundo o ministro Roberto Rodrigues, a projeção atual é “absolutamente espetacular” e se deve ao clima favorável e ao forte aparato tecnológico incorporado à agricultura.
“Preocupa-nos a crise da abundância. A abundância na agricultura é um negócio complicado, porque reduz a renda e desestimula o plantio para o futuro. O governo está atento a isso e estará tomando medidas que inibam a redução de safra no futuro, mantendo a perspectiva de renda do setor rural”, disse Roberto Rodrigues.
A atual safra é 24% superior à anterior. Em termos absolutos, a produção supera a da safra anterior em 23 milhões de toneladas de grãos _se a atual estimativa for confirmada. “Que outro país do mundo consegue isso?”, perguntou o ministro, que divulgou a previsão de safra no Palácio do Planalto, ao lado do presidente interino, José Alencar, e dos ministros Antonio Palocci (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil).
O ministro disse esperar que o agronegócio mantenha até o final do ano o saldo comercial de US$ 23 bilhões, alcançado em 30 de maio passado. Afirmou também que o Brasil neste ano será o maior exportador mundial de soja, superando os Estados Unidos, e que pela primeira vez superou a Austrália e se tornou o maior exportador mundial de carne bovina.
Safrinha
A área plantada é estimada em 43,4 milhões de hectares, 8% superior à safra passada, quando as lavouras ocuparam 40,2 milhões de hectares.
Os destaques da atual safra são soja, milho e trigo. A produção de milho safrinha, calculada em 11 milhões de toneladas, terá aumento de 79,1% sobre a colheita anterior, de 6,18 milhões de toneladas. No total, a safra de milho (primeira e segunda safras) atingirá o recorde de 45,8 milhões de toneladas, 29,8% superior à da última safra.
A soja chegou ao recorde de 52,2 milhões de toneladas, com um acréscimo de 24,6% sobre a safra passada, quando totalizou 41,9 milhões de toneladas. O trigo alcançará 4,5 milhões de toneladas, com um crescimento de 56,1% sobre os 2,9 milhões de toneladas da última safra.
Em termos de área cultivada, o destaque é para a soja, com aumento de 13,5% e agregação de 2,2 milhões de hectares, seguida do milho (segunda safra), com 13,9% (400 mil hectares) e do trigo, com 14,6% (300 mil hectares).
A produção de arroz deve registrar uma pequena queda de 1,7%. Já a de feijão deve crescer 7,6%.
O presidente interino, José Alencar, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava satisfeito em ter liberado R$ 32 bilhões em tempo hábil para o plantio.