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Manejo

Tecnologia australiana

Austrália apresenta novo exemplo de armazenagem de grãos contra insetos e pragas nas unidades armazenadoras.

A Austrália vem se adequando há pelo menos 20 anos para exportar grãos (trigo, sorgo e cevada) com alta qualidade e principalmente livres da presença de insetos-pragas em unidades armazenadoras. “Temos que oferecer produtos com zero de insetos e zero de resíduos químicos”, disse o pesquisador do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento do Estado de Queensland (Austrália), Manoj Nayak, que ministrou palestra na 5a Conferência Brasileira de Pós-Colheita, que termina nesta quinta-feira (21), em Foz do Iguaçu (PR).

Atualmente existem quatro grupos de pragas (besouros, traças, piolhos e ácaros) capazes de promover perdas em quantidade e em qualidade nas unidades armazenadoras. Nayak aponta como medidas importantes para o controle e o manejo dessas pragas, a redução da umidade e o aumento da temperatura nos silos, a limpeza constante das estruturas e a identificação correta das pragas. “Quando as pragas são encontradas em produtos já processados, inviabiliza totalmente o seu consumo interno e sua exportação”, explica Nayak.

Segundo ele, a exigência do mercado importador por qualidade pede manejos adequados de todos os processos de trabalho nas estruturas armazenadoras . A fosfina – produto químico utilizado para eliminar insetos na armazenagem de grãos – tem a preferência de 80% dos silos australianos, enquanto que 20% utilizam inseticidas líquidos. “A fosfina é barata, fácil de usar e ainda não deixa resíduos nos grãos e no produto final, o que vem sendo uma demanda cada vez maior do mercado”, comentou Nayak.

Para o pesquisador, a situação aparentemente confortável tem um histórico preocupante de quebra de resistência: são três os grupos de inseticidas que tiveram sua resistência quebrada pelos insetos- pragas. “Agora contamos com apenas duas opções de métodos de eliminação de pragas (a fosfina e os inseticidas líquidos). Por isso, a fosfina deve ser manejada adequadamente no que diz respeito a concentração e ao seu tempo de exposição”.

De acordo com o extensionista do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento do Estado de Queensland (Austrália), Philip Burril um grande diferencial da Austrália é a unicidade e o comprometimento de todo setor de pós-colheita. “Temos definido um padrão de armazenagem que preconiza a higienização constante dos silos, o monitoramento mensal da presença de insetos, a redução da temperatura via aeração das estruturas e um eficiente expurgo de pragas”, enumera.

Essas medidas adotadas na Austrália vem sendo implementadas no Brasil, por intermédio do programa Manejo Integrado de Pragas em grãos e sementes armazenadas. Para o pesquisador Irineu Lorini, da Embrapa Soja, que desenvolveu e está implementando este programa nas cooperativas parceiras da Embrapa “já houve um grande avanço no setor de armazenagem das nossas unidades parceiras, mas ainda temos um longo caminho a percorrer para estarmos na mesma posição da Austrália”, diz Lorini.

A partir de 2011, a Austrália irá colocar em prática padrões mínimos, definidos pela pesquisa, para uniformizar o desempenho das unidades armazenadoras. Burril destaca a utilização de um teste que mede a hermeticidade dos silos e um medidor de concentração do gás fosfina como medidas importantes. “Além disso, temos o compromisso de treinar as equipes que fazem o expurgo de insetos com fosfina. Todo aplicador de fosfina é treinado e recebe uma licença que lhe concede o direito de trabalhar”, conclui.