Da Redação 31/10/2005 – Os preços do milho recuaram no mês de outubro (início de entressafra), pressionados pela concorrência com o trigo destinado ao setor de ração animal e pelo aumento das vendas pelos agricultores para financiar o plantio da safra 2005/06. De acordo com levantamento da Agência Rural, o preço médio nacional recuou 8,2% no mês de outubro (até o dia 28), para R$ 13,60 por saca de 60 quilos. No atacado paulista, segundo levantamento da MSConsult, saca vendida em Campinas caiu 3,6% no mês.
Emílio Ramos, analista da consultoria, diz que muitos produtores do Sul enfrentam dificuldades para obter crédito de financiamento para o plantio da safra de verão e estão vendendo estoques de milho para fazer capital de giro. “O mercado está muito ofertado e as indústrias compram o suficiente para o curto prazo”, diz Ramos.
Outro fator que está afetando fortemente os preços do milho, segundo analistas, é a concorrência do trigo usado para ração (ou triguilho). Paulo Molinari, analista da Safras&Mercado, observa que que o excesso de chuvas no Paraná e Rio Grande do Sul em outubro comprometeu a qualidade do produto colhido e o resultado é uma oferta de trigo de baixa qualidade próxima a 1 milhão de toneladas.
“Como esse produto não tem utilidade para a indústria de farinha de trigo, ele é redirecionado para o setor de rações e ajudam a pressionar o milho”, diz Molinari, observando que a saca de milho caiu R$ 1 no Paraná na semana passada, para R$ 13,50 na média.
Aldo Lobo, também da Safras&Mercado, diz que o triguilho está saindo em média no Paraná a R$ 200 por tonelada (R$ 12 por saca) e algumas cooperativas já iniciaram a exportação do produto à Europa.
Molinari afirma ainda que a confirmação das suspeitas de febre aftosa no Paraná podem levar a Rússia a embargar as carnes bovina, de frango e suína do Estado, o que pressionará as vendas de milho e farelo de soja para ração.
Mauro Osaki, analista do Cepea/Esalq, diz que a queda nos preços do milho surpreendeu produtores, que estocaram os grãos à espera de preços melhores na entressafra. “O câmbio está facilitando as importações, o que também funciona como fator de pressão”.
Para os analistas, os preços do milho devem seguir pressionados na entressafra, devido ao excesso de oferta e da concorrência com o trigo. Também há preocupação de que a continuidade das chuvas no Sul gere atrasos no plantio e prejudique a safra de verão.