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Tendências do milho

Falta de planejamento afeta sucesso da cadeia produtiva do milho. Câmbio e infraestrutura prejudica o mercado brasileiro.

Tendências do milho

A cadeia produtiva do milho no Brasil atravessa um período singular em sua história. O quadro atual nos retrata um mercado mundial em pleno crescimento de consumo, o que exige aumento das importações por parte dos países deficitários e eleva a responsabilidade dos países exportadores.

Em conjunto, EUA, Argentina e Brasil respondem por cerca de 80% das vendas mundiais. Se, por um lado, tal notícia seria animadora para o mercado brasileiro, por outro lado torna as nossas expectativas frustrantes.

A ineficiência de nossa infraestrutura, aliada a uma taxa de câmbio valorizada, compromete o papel do Brasil no abastecimento global.

Em um cenário no qual a produção doméstica aumenta, principalmente via crescimento da produtividade, há um comportamento recorrente de pressão negativa sobre os preços, afetando principalmente os produtores de baixa e média tecnologia.

Resultado: a necessidade de intervenção no mercado por parte do governo torna-se essencial para escoar o excedente de produção e manter os preços em um nível que possa ser considerado sustentável ao produtor.

O problema é que, em diversas ocasiões, a ajuda do governo chega atrasada ao mercado, comprometendo não apenas a rentabilidade do produtor, mas também influenciando a decisão de investimento na safra de verão.

No ano agrícola 2009/10, o Brasil registrou, no verão, a menor área plantada com milho em sua história.
Todo esse diagnóstico demonstra que o papel do governo deve ser muito mais amplo do que uma atuação pontual. Claramente, há a ausência de um plano estratégico de longo prazo para as cadeias produtivas, não apenas do milho, mas também de diversas outras culturas.

O sucesso de nossa atuação no mercado global está ligado a condições de infraestrutura competitiva, ao acesso a linhas de crédito cuja taxa de juros seja compatível com a rentabilidade da atividade, a uma política de incentivos à produção de insumos -principalmente fertilizantes-, a uma política efetiva, eficiente e menos burocrática de garantia de preços mínimos, entre outros tantos fatores que devem ser considerados para a geração de competitividade nas cadeias produtivas no Brasil.

Infelizmente, assim como ocorre em outros setores, no agrícola o Brasil perde diversas oportunidades no mercado global devido à ausência de planejamento estratégico.

Nossa visão míope poderá comprometer o sucesso de nossas cadeias produtivas.

EDUARDO SOLOGUREN é engenheiro agrônomo, mestre em economia e consultor em agronegócio.