A expectativa em torno da divulgação do novo relatório de oferta e demanda mundial do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na quinta-feira, levou os traders a reduzir a exposição ao risco e pressionou os preços da soja e do milho na bolsa de Chicago.
Os papéis da oleaginosa para janeiro (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) fecharam ontem em queda de 3 centavos, a US$ 15,48 por bushel. Desde o início de outubro, porém, a soja já acumula perdas de 3,42%, segundo o Valor Data.
Na avaliação de Pedro Dejneka, analista da Futures International, em Chicago, os traders aguardam uma baixa nas cotações para voltar às compras. “Mas o fato é que eles não parecem dispostos a fazer negócio nos níveis atuais. O mercado está bastante nervoso e sem convicção”, diz.
O clima benéfico para o plantio da soja na América do Sul e os crescentes relatos de que as lavouras dos EUA sofreram menos que o previsto com a seca que castigou o país este ano colaboraram para pressionar os preços.
A agência Dow Jones Newswires divulgou ontem um levantamento feito com 22 corretoras e consultorias, que acreditam que o USDA elevará a estimativa da safra de soja americana para 75,3 milhões de toneladas, em média, ante as 71,5 milhões de toneladas indicadas no relatório de setembro. “A percepção é que o mercado já está precificando esse possível avanço de 5% ante o projetado no mês passado pelo USDA. Para que o novo relatório provoque uma queda expressiva da soja, seria necessária uma estimativa de aumento de 8% a 10% na produção”, explica Dejneka.
No caso do milho, os analistas apostam que o órgão americano cortará a previsão de safra. Segundo a Dow Jones Newswires, espera-se uma redução de 1,21%, em média, de 272,3 milhões para 269 milhões de toneladas. Contudo, nem mesmo essa expectativa de recuo sustentou os preços do grão em Chicago. Os papéis para março encerraram em baixa de 6,50 centavos, a US$ 7,42 por bushel – e a queda chega a 2,70% desde o início do mês. Para Dejneka, o milho se ressente do enfraquecimento da demanda. “Parte disso é sazonal, porque as empresas americanas de etanol fazem manutenção do maquinário nesse período. Mas a enorme safra do grão colhida no Brasil também influencia”, diz.
Já o trigo foi favorecido ontem pela notícia de que o Iraque, grande importador do cereal, ampliará suas compras até o fim do ano e também pelos temores com o clima seco, que danificou as lavouras da Austrália e atrapalha o plantio nos EUA. Os contratos para março subiram 2,50 centavos, a US$ 8,7125 por bushel – embora em outubro a queda chegue a 4,49%.