Na estrada Coxilha-Tapejara (RS-463), por onde passam muitos caminhões carregados de soja nesta época do ano, é comum ver o rastro amarelado dos grãos pontuando o asfalto.
O problema é geral: a cada safra, parte da riqueza produzida nos campos gaúchos é perdida em rodovias, principalmente devido às más condições do pavimento ou dos caminhões. O prejuízo com o extravio no transporte do grão neste ano deve ser de pelo menos R$ 18 milhões.
No mercado nacional de contratação de frete, é tolerada, em média, uma perda de 0,3% do produto durante o transporte, informa Ronaldo Bulhões, pesquisador da Universidade Federal do Oeste do Paraná. Esse índice é idêntico ao computado pelos terminais Termasa e Tergrasa (por onde passam 75% das exportações de soja gaúcha) no transporte de grãos das cooperativas do norte do Estado até o embarque em navios no porto de Rio Grande.
Para o presidente dos terminais, Caio Vianna, o percentual pode ser aplicado em uma conta aproximada para toda a safra de soja 2008/2009. Nesse caso, a estimativa é de que 25,247 mil toneladas do grão sejam deixadas nas estradas, o equivalente a um prejuízo direto de R$ 18,085 milhões, considerando-se a previsão de colheita e os preços atuais.
“Da fazenda até o entreposto da cooperativa as perdas são maiores, porque as estradas são piores, e o caminhão, muitas vezes, leva mais carga do que o limite. Mas é difícil medir o prejuízo nessa etapa”, diz Bulhões.
Para o engenheiro agrônomo Cláudio Dóro, da Emater de Passo Fundo, a perda no transporte pode chegar a 1% do total colhido. A melhoria de estradas vicinais e o cuidado ao carregar e descarregar o caminhão podem fazer a diferença, afirma Dóro.