Produtores de trigo do Paraná podem ser beneficiados com a recente suspensão da exportação de grãos da Rússia. No entanto, a produção do cereal para vendas externas é pequena, aproximadamente 150 mil toneladas. O produto subiu 70% no mercado global durante o verão europeu (inverno no Brasil). Ontem (5), houve alta de 8,3% em Chicago.
“Hoje, o trigo de qualidade no Brasil não passa da quantidade de 150 mil toneladas. Não é o bastante, mas o agricultor que tiver um bom produto, poderá ser favorecido no mercado externo”, afirmou Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico – o maior da América Latina.
A suspensão dos russos acontece em virtude de uma severa seca e incêndios florestais, que destruíram, até agora, 20% da safra de trigo. Segundo Aedson Pereira, analista da AgraFNP, esta queda corresponde a um prejuízo de 15 milhões de toneladas na safra de trigo. A Rússia, que está entre os maiores exportadores mundiais de grãos, informou que o recesso irá vigorar de 15 de agosto a 31 dezembro, com possibilidade de prorrogação para o próximo ano, se for necessário.
Alemanha, Cazaquistão, Polônia e Ucrânia também foram afetados pelo fenômeno climático. De acordo com Pih, a medida não é sinônimo de falta de trigo no mundo, já que os estoques de passagem nos globais estão bem abastecidos, com pelo menos 170 milhões de toneladas.
A União Europeia (UE) conta com bastante produto, assim como Alemanha, Polônia – apesar de afetadas pelo calor – e França, além de Austrália e Estados Unidos, que apresentam condições de suprir (melhor que o Brasil) a lacuna deixada pela Rússia, pois estes têm estoques, contou o presidente do Moinho Pacífico.
Pih alerta ainda para que os agricultores brasileiros tenham paciência quanto às vendas, uma vez que, até o fim deste ano, o consumo do cereal no País será em média de 4 milhões de toneladas.
Em 2007, uma forte onda de calor também afetou a mesma região da Rússia. Na época, os estoques de passagem eram menores assim com o consumo. Segundo o especialista da AgraFNP, naquele ano, a UE deixou de adquirir trigo e passou a comprar milho.
“Ambos são à base de amido, por isso eles substituíram. Há três anos, o Brasil, que venderia entre 7 milhões e 8 milhões de toneladas do grão para os compradores habituais, – Sudeste asiático e países árabes -, vendeu aproximadamente 11 milhões de toneladas adicionais, em função da demanda dos europeus”.
Para 2010, a AgraFNP estima que o Brasil exporte 7 milhões de toneladas de milho. Visto o atual cenário internacional, Pereira crê que haverá acréscimo nos números. “Acredito que beire os 8 milhões de toneladas, já que o panorama está favorável. Só não será maior devido aos atuais estoques de passagem”, disse.
O especialista falou que, antes dos recentes incêndios, a Rússia já dava sinais de quebra de produção por conta do clima e à alta dos preços internos. “Até antes da onda de calor, há aproximadamente um mês, já falava-se em fechar as exportações. Esse sentimento de queda tumultuou o mercado internacional”, disse.
Nesta semana, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, em inglês) anunciou que a oferta mundial de trigo pode diminuir no próximo ano se a severa seca na Rússia persistir. A projeção da safra global do cereal foi reduzida para 651 milhões, ante previsão de 676 milhões, queda equivalente a 4,5%. Até o fim de julho, o Conselho Internacional de Grãos (IGC, sigla em inglês) previa uma redução para a safra global de trigo de 2010/2011 em 13 milhões de toneladas, para 651 milhões de toneladas.
A seca em algumas regiões da Rússia elevou os preços globais do trigo para o ponto mais alto em 22 meses. Por conta disso, estima-se que milhares de agricultores quase foram à falência.
Produtores de trigo do Paraná podem ser beneficiados com a recente suspensão da exportação de grãos da Rússia. No entanto, a produção do cereal para vendas externas é pequena: aproximadamente 150 mil toneladas. O produto subiu 70% no mercado global durante o verão europeu (inverno no Brasil). Ontem(5), houve alta de 8,3% em Chicago. “Hoje, o trigo de qualidade no Brasil não passa da quantidade de 150 mil toneladas. Não é o bastante, mas o agricultor que tiver um bom produto poderá ser favorecido no mercado externo”, afirmou Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico. A suspensão dos russos acontece em virtude de severa seca e incêndios florestais.