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União deve anunciar bônus para sojicultores

<p>Famasul prevê liberação de recursos para pagamento da diferença entre custo de produção e o valor recebido pelos produtores pela saca da soja.</p>

Redação (12/05/06) – O governo federal lança hoje (12-05) um Programa de Risco de Opção Privada (Prop) que prevê a liberação de recursos para pagamento da diferença entre o custo de produção e o valor recebido pelos produtores pela saca da soja, conforme informações do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Leôncio de Souza Brito Filho.

A medida pode amenizar a crise, mas produtores de Mato Grosso do Sul e de outros Estados sinalizam que não vão plantar a próxima safra, caso o governo federal não atenda às reivindicações do setor quanto à elaboração de políticas agrícolas estruturais que garantam a viabilidade das atividades rurais. “Em reunião da Comissão Nacional de Grãos, Fibras e Oleaginosas da Confederação Nacional da Agricultura do Brasil (CNA), realizada no último dia 02, em Goiás, os produtores afirmaram que não plantarão a próxima safra, se os preços continuarem desfavoráveis”, alertou a diretora da Famasul, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias. Segundo ela, ninguém vai investir R$ 1,2 mil para plantar um hectare de soja, se o mercado apontar que o preço pago pela produção deste hectare gira em torno de R$ 800,00, como atualmente ocorre.

Na quarta-feira, depois de reunião com os ministros Guido Mantega, da Fazenda; Paulo Bernardo, do Planejamento; e Dilma Rousseff, da Casa Civil, representantes políticos de MS adiantaram que o Governo federal anunciaria hoje um pacote de socorro aos produtores rurais. Segundo a federação, a medida é direcionada somente ao complexo soja e os valores serão repassados aos produtores através das cooperativas.

Na avaliação de Léo Brito, a medida não vai satisfazer o setor, uma vez que as questões estruturais não devem ser lembradas na publicação prevista para hoje. “As manifestações e reivindicações previstas em todo o País para o dia 16 de maio devem ser mantidas, uma vez que esse programa só atenderá um dos segmentos do agronegócio [o complexo soja] e o restante continua apenas na promessa”, criticou Léo Brito. Segundo ele, o setor produtivo não tem obtido êxito nas negociações com o Governo Federal, que agora passa a ser responsabilizado por eventuais desabastecimentos que venham a ocorrer em virtude das manifestações do “Alerta do Campo” encampado pelos produtores.

Para Tereza Cristina, a falta de diálogo entre ruralistas e Governo federal sinaliza que as possíveis medidas a serem anunciadas hoje não devem atender aos anseios dos produtores. “Não adianta o Governo anunciar pacotes sem saber quais são as necessidade do setor”, disse. Diversos representantes rurais mencionam que a divulgação de hoje parece ser uma tentativa do Governo Federal de desarticular a manifestação, quando pelo menos mil produtores devem lotar o Congresso Nacional para sensibilizar os ministros e a sociedade quanto à crise do campo. “Até não sermos atendidos, manteremos a programação das manifestações”, ressaltou a diretora da Famasul.

Alerta do campo:

As manifestações dos produtores continuam ocorrendo em diversos municípios de Mato Grosso do Sul, porém, após as decisões judiciais desta semana que impediram os bloqueios de rodovias e de agências fazendárias, os ruralistas ampliaram as ações em frente às agências bancárias. Em São Gabriel do Oeste, quatro das agências do município foram boqueadas ontem pela manhã com máquinas agrícolas, conforme informações dos presidente do Sindicato Rural do município, Nei Canziani. “Não interrompemos a entrada de clientes nas agências, mas mantivemos as manifestações na entrada dos bancos”, disse.

Em Dourados, os agricultores que acamparam em frente da agência fazendária desde a segunda-feira, apelaram ontem para o bom humor e dois bonecos um deles vestido com terno e gravata, representando o presidente Lula, amanheceram dependurados na lâmina hidráulica de um trator.

Nas rodovias de MS, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) informou que alguns produtores paralisaram ontem a MS-060, em Sidrolândia, e liberavam o tráfego de hora em hora. Em Ivinhema, a MS 376 foi totalmente bloqueada por volta das 14 horas. A PRE informou que comunicou à Justiça sobre as manifestações em rodovias, mas não houve ações de desbloqueio pelos oficiais de Justiça. A Polícia Rodoviária Federal informou que em Sonora e em São Gabriel do Oeste houve estreitamento na BR-163 para, com o tráfego lento, panfletagem de produtores.

Na manhã de ontem (11-05), a diretoria da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul) decidiu apoiar a manifestação dos produtores e se propôs a recomendar que as 78 prefeituras do Estado decretem ponto facultativo no dia 16 deste mês em solidariedade ao movimento previsto para a data. A Famasul estima que 40 municípios participem das manifestações.