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União Européia consumirá 80% de soja transgênica em 2008

<p>Análise de 10 anos da Céleres comprova que UE-27 </p><p>importa soja e farelo transgênicos do Brasil sem restrições.</p>

Redação (09/12/2008)- A Céleres acaba de fazer um levantamento sobre as importações de soja e farelo pela União Européia (UE-27) dos seus principais exportadores (Brasil, Argentina e Estados Unidos, pela ordem), nos últimos 10 anos, e concluiu que: 1) não existe restrição ao consumo de soja transgênica na UE-27 e, 2) o Brasil, como principal exportador de soja para a região, precisa avaliar com critério suas posições nas discussões internacionais, como no caso do Protocolo de Biossegurança, que trata entre outros itens do comércio internacional de produtos transgênicos se não quiser vir a ser prejudicado futuramente. O anúncio é de Anderson Galvão, diretor da Céleres.
 
Com informações coletadas nas fontes dos países exportadores de soja transgênica para a UE-27 – SAGPyA, Secretaría de Agricultura, Ganadería, Pesca y Alimentos, na Argentina; USDA, Departamento Americano de Agricultura, nos Estados Unidos; Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Biotecnologia, ISAAA; Federação Européia dos Produtores de Ração, FEFAC; e a própria Céleres, no Brasil -, assim como com informações do Eurostat, o órgão responsável pelas estatísticas da UE-27, todas atualizadas até o último dia 30 de junho, ficou estimado que, em 2008, quase 80% da soja a ser consumida pela União Européia será transgênica. Em 2007, este percentual chegou a 77%.
 

"É claro que sempre haverá um nicho que desejará consumir soja não transgênica, mas a verdade é que, hoje, mais de três quartos da população daqueles países estão consumindo soja transgênica e vêm fazendo isto de forma estável nos últimos 10 anos", comenta Anderson Galvão. Esse consumo, segundo ele, só não continuou em alta porque houve uma estabilização na produção de rações na União Européia, simultaneamente ao aumento da importação de carnes de outros países, aí incluso o próprio Brasil. "Temos que lembrar que as pessoas consomem soja principalmente em forma de carnes de animais alimentados com ração", esclarece.
 
Pela série histórica de importações de soja e farelo de soja pela UE iniciada em 1998, elaborada pela Céleres, pode-se observar que o percentual de exportações de soja transgênica brasileira cresce ano a ano, na proporção do crescimento da adoção desse tipo de plantio pelos agricultores nos países exportadores. Os últimos cincos anos já atestam esse vínculo: a exportação brasileira de farelo de soja, aí incluso a soja que será convertida em farelo dentro da União Européia, foi de 3.155 mil toneladas em 2003; 3.788 mil t em 2004; 4.203 mil t em 2005; 6.089 t em 2006; 9.021 t em 2007, e é estimada em 9.697 mil t em 2008. Paralelamente, a taxa de adoção do plantio de soja transgênica no Brasil evoluiu da seguinte forma: 18% em 2003, 22% em 2004, 24% em 2005; 41% em 2006; 57% em 2007, e é estimada em 62% para 2008.
 
Isso significa, de acordo com o levantamento da Céleres, que a indústria de ração animal na União Européia está gradualmente substituindo o uso da soja convencional pelo da soja transgênica, sem prejuízo para o mercado, visto que a produção total de rações neste bloco econômico encontra-se estabilizada. No período de 2004 a 2008, considerando a União Européia já com 27 países-membros, o crescimento da produção de ração animal foi de exatos 0,1%, atestando a estabilidade da produção e, por conseqüência, do consumo de ração animal nessa região.
 
A taxa de absorção dos produtos transgênicos tende a estabilizar-se a partir de determinado percentual, uma vez que muitos agricultores continuam plantando uma parcela da área total com soja convencional ou orgânica, conforme observa Galvão. Nos Estados Unidos, a taxa de plantio da soja convencional está ao redor de 8% em relação à soja transgênica, enquanto na Argentina estabilizou-se em 5% há quatro anos. No Brasil, de acordo com sua avaliação, existe mais espaço para o plantio de soja transgênica, uma vez que atualmente essa proporção ainda está entre 62% (transgênica) e 38% (convencional).