Da Redação 15/08/2005 – Relatório sobre oferta e demanda de grãos nos mercados americano e mundial divulgado na sexta-feira pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostra que deverá voltar a crescer, na safra 2005/06, a participação da soja sul-americana nas exportações globais do produto.
No relatório, o USDA reduziu sua estimativa para os embarques americanos no novo ciclo de 30,89 milhões de toneladas (previsão de julho) para 29,80 milhões. Na mesma comparação, o órgão reviu as exportações brasileiras de 22 milhões para 23,01 milhões de toneladas, e elevou a projeção para as vendas argentinas ao exterior de 8,4 milhões para 8,7 milhões de toneladas.
Com isso, Brasil e Argentina – os dois maiores exportadores de soja da América do Sul – deverão responder, juntos, por 47,4% de exportações mundiais estimadas em 66,88 milhões de toneladas em 2005/06. A fatia dos EUA, se confirmados os ajustes efetuados pelo USDA, será de 44,6%.
Em 2004/05, com embarques globais estimados pelo USDA em 62,69 milhões de toneladas, a participação dos EUA chega a 47,8% e a de Brasil e Argentina, a 44,2%. O cenário para 2005/06 é de retomada porque em 2003/04, ainda de acordo com o USDA, os EUA responderam por 43,2% das exportações mundiais de soja e Brasil e Argentina representaram 47,5%.
Esses movimentos no tabuleiro global das exportações não passaram despercebidos pelo analista Renato Sayeg, da Tetras Corretora, que lembrou que o avanço sul-americano era uma tendência até os problemas (custos elevados, quebra de safra no Sul e real apreciado) enfrentados pelo Brasil em 2004/04.
Também chamou a atenção de Sayeg o fato de o novo relatório do USDA prever um aumento da oferta mundial do grão de 1,15% em 2005/06 em relação à temporada anterior, enquanto a alta da demanda, na mesma comparação, passou a ser estimada em 5,41%. No relatório divulgado em julho, o órgão previa aumento de 2,51% da oferta e de 4,85% na demanda. No caso da demanda, o USDA manteve sua projeção para as importações chinesas em 27 milhões de toneladas.
Afora essas mudanças, o relatório foi considerado “morno” por analistas brasileiros e estrangeiros. Mesmo a revisão para baixo da produtividade das lavouras americanas em 2005/06 em virtude de problemas climáticos – de 44,7 (previsão de julho) para 43,4 sacas por hectare – já era esperada, como observaram os analistas Fernando Muraro e Daniele Siqueira em boletim da Agência Rural.
Assim, as cotações do grão em Chicago recuaram na sexta-feira, pressionadas, segundo traders americanos, pelas perspectiva de clima favorável às lavouras do Meio-Oeste dos EUA no curto prazo. Os contratos com vencimento em novembro caíram 2,25 centavos de dólar por bushel, para US$ 6,48.
Já os contratos de milho e trigo sentiram, sim, os efeitos do relatório divulgado na sexta pelo USDA. E nos dois casos houve queda.
Para o milho, o órgão revisou para baixo a produção e os estoques finais americanos e globais, mas os ajustes ficaram acima da expectativa do mercado e as cotações caíram. Os papéis para entrega em setembro fecharam a US$ 2,1775 por bushel, em queda de 7,25 centavos de dólar. A queda na projeção para a produção dos EUA, como lembrou a Safras & Mercado, reflete a estiagem no Meio-Oeste, fator que também reduziu a estimativa para a produção de soja do país em 2005/06.
A queda do milho ajudou a determinar a baixa do trigo em Chicago, mas aqui também pesou a previsão do USDA de elevada oferta nos EUA e no mundo, ainda que os dois números também tenham sido revisados para baixo. Os contratos com vencimento em setembro perderam 5 centavos de dólar por bushel e encerraram o pregão de sexta-feira a US$ 3,2125. Na bolsa de Kansas, os futuros para entrega no mesmo mês recuaram 1,25 centavo, para US$ 3,4125.