A sinalização de que haverá um enxugamento maior do que se esperava nos estoques de passagem de milho e trigo na safra 2012/13 deu novo rumo aos preços das duas commodities, que encerraram o último pregão em alta na bolsa de Chicago, depois de variações modestas ao longo de toda a semana.
Os contratos de milho para maio fecharam com um ganho de 1,36%, a US$ 7,07 por bushel. Os papéis de trigo com o mesmo vencimento avançaram 1,12%, a US$ 7,62 por bushel.
Diferentemente do que os analistas suspeitavam, o USDA elevou, para 273,83 milhões de toneladas, sua projeção para a safra de milho nos EUA, alta de 0,51% ante o relatório de dezembro, apesar da pior seca em décadas que atingiu o país.
Contudo, a maior demanda por pecuaristas americanos deve fazer com que os estoques finais do grão recuem mais 6,8%, a 15,3 milhões de toneladas.
Segundo Stefan Tomkiw, analista do Jefferies Bache, em Nova York, a situação do milho está delicada em relação ao nível de estoque, mas a demanda de um modo geral vem dando sinais de arrefecimento (há semanas, os EUA reportam vendas semanais pífias). “O mercado deve se estabilizar um pouco nos níveis atuais, até pela entrada da safra sul-americana, e depois ter uma escalada antes do verão no Hemisfério Norte”, prevê.
No caso do trigo, o corte no estoque mundial foi relativamente leve (de 0,2%, para 176,6 milhões de toneladas), mas chegou a quase 5% para os EUA, que devem passar para a safra seguinte com 19,5 milhões de toneladas.
O que, definitivamente, não surpreendeu os agentes foram os números da soja. O USDA elevou a perspectiva para a colheita mundial em 0,63%, a 269,41 milhões de toneladas, e a americana em 1,48%, para 82,06 milhões de toneladas. O Brasil segue como o principal fornecedor, já que a safra 2012/13 do país foi elevada em 1,85%, a 82,50 milhões de toneladas.
A oferta mundial de soja só não é maior em função do declínio previsto na Argentina, onde o excesso de chuvas não deve deixar a safra passar de 54 milhões de toneladas. Em Chicago, os papéis de soja para março fecharam em baixa de 0,47% na sexta-feira, a US$ 13,7325 por bushel.
O USDA também revisou para cima a estimativa para a colheita de milho no Brasil em 1,42%, para 71 milhões de toneladas, e elevou em expressivos 9,37%, ou 1,5 milhão de toneladas, a expectativa para a exportação do grão pelo país na temporada 2012/13.