Redação (12/12/2007)- A última estimativa de oferta e demanda mundial de grãos elaborada pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) de 2007 reforçou o cenário de aperto dos estoques e de alta do preço das principais commodities agrícolas. Embora o resultado do levantamento não tenha sido muito diferente do esperado pelos analistas, as cotações de soja e milho encerraram o dia em alta nas bolsas americanas.
Os estoques finais de milho deverão ser de 109,06 milhões de toneladas na SAFRA 2007/08, volume menor que as 110,39 milhões estimadas no último levantamento do USDA, de novembro. "A soja, que está com o preço em alta, tem ocupado a área do milho, mesmo com o aumento da demanda pelo grão. Só pode haver área extra para plantio de milho nos Estados Unidos se forem ocupadas áreas de conservação, mas isso depende de liberação do governo", diz Leonardo Sologuren, analista da Céleres.
O dado que concentrou a atenção dos mercados foi o de exportações americanas do grão. De novembro a dezembro, a estimativa dos embarques de milho americano na SAFRA 2007/08 passou de 59,69 milhões de toneladas para 62,23 milhões. Na bolsa de Chicago, os contratos com vencimento em março encerraram em alta de 6,25 centavos de dólar, a US$ 4,24 por bushel.
Na soja, os estoques finais no mundo deverão chegar a 47,32 milhões de toneladas, segundo o levantamento do USDA, volume menor que as 49,35 milhões de toneladas estimadas no último relatório. "Os resultados do relatório já estavam precificados pelo mercado, mas os preços provavelmente não vão cair até pelo menos o início do ano que vem", afirma Daniel D"Avila, analista da Fimat. "Ao menos até a definição do desempenho da SAFRA brasileira, o mercado continua em alta".
O relatório do governo americano estima que a produção de soja no Brasil será de 59 milhões de toneladas – na segunda-feira, Conab e IBGE previram, respectivamente, volumes de 58,1 milhões e 59,4 milhões de toneladas. Em Chicago, os contratos para março do ano que vem encerraram com ganho de 10,25 centavos de dólar, a US$ 11,5450 por bushel.
O trigo não acompanhou as altas nas bolsas americanas. Os preços, que estão próximos de seus patamares mais elevados já registrados, podem afetar a demanda pelo consumo, receio que dominou o mercado – em Kansas, o recorde de preço foi atingido na segunda-feira e, em Chicago, no mês de setembro. Os papéis com vencimento em março caíram 19 centavos de dólar, para US$ 9,1050 por bushel, na bolsa de Chicago. Em Kansas, o declínio foi de 9,75 centavos de dólar, a US$ 9,5175 o bushel.
Mesmo com a baixa de ontem, a tendência de preços será mantida nos próximos meses, avalia Elcio Bento, analista da Safras&Mercado. "O resultado do USDA já era esperado, então a queda das cotações é normal. O cenário é de aperto da oferta e de preços em elevação", diz ele.
O levantamento manteve a estimativa de produção brasileira de trigo em 3,4 milhões de toneladas. "Nossa previsão é um pouco maior, de 3,8 milhões de toneladas", afirma o analista. Para o milho, são esperadas 50 milhões de toneladas, segundo o USDA.